Livro: "A África Negra: colonização, luta de libertação e independências: uma síntese de História Política e das Civilizações"

“O autor oferece ao seu leitor um conjunto de informação já trabalhada sobre o legado histórico dos confrontos históricos ocorridos entre os séculos XVIII e XX. Com isso, percebemos a dinâmica da consciência histórica africana tão polissémica nos dias de hoje. Fiel delfim de Cheikh Anta Diop e Théophile Obenga na discussão profunda acadêmica em volta da África, o professor Boubakar Naomy Keïta contribuiu na eliminação de falsidades e injúrias contra este continente.”
Prof. Dr. Patrício Batsîkama , Antropólogo Historiador, Instituto Superior Politécnico Tocoísta – ISPT. Angola
“Professor Titular no Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda e na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, o maliano Boubacar Namory Keita, doutor em Ciências Históricas pela Universidade Estatal de Leningrado da antiga URSS (atual Rússia), é um dos principais nomes da historiografia angolana contemporânea, tendo já publicado livros importantes em torno do pensamento de Cheikh Anta Diop e sobre a história geral da África Negra.
“A África Negra: Colonização. Luta de libertação. Independências” pretende introduzir o leitor aos grandes temas resultantes do contato entre a África e a Europa, os processos de colonização e as lutas pela independência, propondo uma leitura endógena (ou africana) à luz da recente historiografia produzida dentro do continente. Seu diálogo se dá a partir de africanos como Cheikh Anta Diop, J. Ki-Zerbo, Elikia Mbokolo, Olotounji e o senegalês Abdoulaye Sadji que mesmo produzindo a partir de outros eixos, como a Europa, construíram um método de pesquisa que observa os fenômenos globais a partir do continente africano. Neste sentido a influência de Diop é crucial para a construção teórico-metodológica do livro (…) Recuperar a voz e a perspectiva africana é com certeza um dos principais êxitos deste livro. É justamente esta reconciliação do negro-africano com sua história que é o seu objetivo, por esta razão ele afirma tratar-se de um texto didático voltado para alunos e interessados em geral que necessariamente não precisam ter um conhecimento prévio do tema. O fato de seu um “texto didático” não o desqualifica, tão pouco o faz ter uma análise superficial dos temas que trata. Mostrando densidade nos processos que analisa. Keita destaca que a colonização europeia do continente não foi um “acaso” nem “acidental”, mas sim como resultado do desenvolvimento socioeconômico interno à Europa. Sendo desta forma uma “necessidade” imposta por mudanças provocadas, por diferentes processos econômicos e sociais, como por exemplo, pela Revolução industrial.(…)A partir de uma perspectiva endógena o autor analisa os impactos do colonialismo nas sociedades africanas: o aparecimento de novas elites de origem comerciante., integração das sociedades aldeãs em unidades políticas e culturais mais amplas além da consolidação da influência do Islã.Mas é no estudo das respostas sob a forma de resistências e lutas dos povos africanos ao colonialismo e a busca por soberania política e territorial que se concentra grande parte do livro. Keita mostra como as resistências à penetração europeia foram de longa duração e os Estados africanos, utilizando todos os meios ao seu alcance, tanto diplomáticos, quanto militares, mostraram o seu poder frente ao avanço colonial.(…) Por todas essas razões “História da África Negra: síntese de história política e de civilizações” tem tudo para se tornar uma obra clássica sobre a história da África contemporânea e deve ser lido e debatido nos cursos de história da África, bem como por aqueles que querem se aprofundar em temas da história do continente.”
Prof. Dr. Washington Nascimento, Professor de História da África. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)