Livro: "A Espiral e o Pêndulo"

Numa trama bem urdida a autora consegue reunir acontecimentos e personagens distanciados no tempo e no espaço e que no decorrer da narrativa vão se entrelaçando e revelando o fio que os une. A autora não conduz o leitor pela mão, apenas lhe apresenta as coordenadas, ele que siga os sinais, segure os fios e os ate no final. Os enigmas se sucedem em uma aparente desordem, seguindo um roteiro de autor desconhecido, que pode ser chamado de vários nomes, Destino, Carma, Deus, Aquele Cujo Nome Não Pronunciamos, mas com certeza, há em cada um desses enigmas uma chave capaz de desvendá-lo. Cabe ao leitor encontrar essa chave ao longo da leitura. Pode-se esperar quase tudo do romance, porém, nunca a indiferença. Há momentos de profunda emoção na voz de seus personagens, convidando à reflexão sobre a vida, a liberdade, o preconceito, o amor; mas há, também, situações cheias do humor cotidiano, do corriqueiro, das pequenas pausas que fazem lembrar que rir é preciso. O assassinato de um sobrevivente da Ditadura Militar desencadeia uma sucessão de encontros capaz de reunir Brenda, jornalista investigativa, Alemão e Antonio Detetive de Jesus, uma dupla de informantes, o italiano Paolo, e alguns catadores de papel, moradores de rua, todos empenhados num mesmo objetivo: encontrar o assassino. Em paralelo, os mortos, os injustiçados, traídos e traidores, e até os cruéis, num deboche do destino, vão fazer-se ouvir através de uma memória que se deteriora, a da mãe de Brenda, diagnosticada com Doença de Alzheimer. Mas este não é um romance para ser contado, mas para ser lido!