Livro: "A geografia antes da Geografia: a Terra, o sapiens e a ciência: uma genealogia transdisciplinar do espaço"

Este livro eletrônico se divide em resumo, introdução, seis capítulos e o epílogo, como conclusão, além das referências (359 páginas). O primeiro capítulo é didático e metodológico ao versar sobre a práxis da sala de aula, como lugar geográfico de pausa, mas, acima de tudo, como local de troca de experiências para as aprendizagens dos estudantes e do professor, que deve ser um mediador, ora dialético, ora fenomenológico, em sua ação docente. Os capítulos posteriores foram dispostos em uma ideia evolutiva dos componentes universais que compõem a transdisciplinaridade do espaço a-geográfico e geográfico, seguindo cronologicamente a divisão que propomos para a construção do pensar o objeto espaço na Geografia ou a sua genealogia, como categoria de primórdio da disciplina enquanto ciência. Partimos do que chamamos de Pré-Geografia, em um segundo capítulo sobre a mecânica quântica e a relatividade do Big Bang no tecido gravitacional do espaço-tempo, de primórdio do cosmo, para chegarmos ao aparecimento da Terra em sua composição mais primitiva, até a solidificação das primeiras rochas e a composição da atmosfera terrestre, que deu chance ao aparecimento das primeiras formas de vida. O terceiro capítulo, o da Geografia Primitiva, chega aos primeiros hominídeos, descendentes do primata chipanzé, mas centra-se na espacialidade do Homo sapiens, que se mostrou a única espécie de hominídeo dominante, desde que houve a predominância da sedentarização agrícola no período neolítico. O quarto capítulo é de continuidade do entendimento da territorialidade do sapiens, uma vez que, nos leva a analogias de territorializações contemporâneas similares, seja na desigualdade entre os povos e no individualismo intolerante, seja na produção de excedentes, perpetuada como evolução acumulativa, mas que tem no medo da escassez a sua eterna continuidade. O quinto capítulo emenda o neolítico com o advindo dos primeiros escritos que chegaram a nós, nos quais, se encaixam no que intitulamos de Geografia da Idade Antiga e Aristotélica, pois só a escrita teve a capacidade de tornar a historiografia longínqua o suficiente para ser entendida como ciência. De Homero a Hesíodo e da filosofia pré-socrática à aristotélica, passando pela historiografia de Tucídides e Heródoto, chegamos ao sexto capítulo, dividido em dois períodos têmporo-espaciais: o do período da Geografia Ptolomaica e da Idade Média, da época que envolve o recorte da Geografia dominada pelos mapas cartográficos, de traço ptolomaico, com projeções que influenciaram o pensamento geográfico, desde Eratóstenes (e Estrabão), que teve rebatimento nas territorialidades do cristianismo, das cruzadas e da posterior crise feudal, até a chegada do período da Geografia das Grandes Navegações e dos primórdios da sistematização científica do espaço, com a cosmografia de Mercator e a ocupação de novos espaços continentais, ao que se insere no ideário de acesso a alicerces teóricos mais coesos e de influência filosófico-científica, com Descartes, Varenius, Newton e Kant, que já se encaixam em uma Geografia de primórdio basilar e sequencial à cientificidade do espaço, inclusive através das investidas de aproximação à Geografia Tradicional ou dos Fundadores, sistematizada no século XIX, propriamente alicerçada em Humboldt e Ritter e, posteriormente, em Ratzel e La Blache (aqui também consideramos Reclus e Kropotkin), assim como bastante difundida na literatura geográfica clássica. No entanto, as ideias das escolas mais contemporâneas da Geografia estão nos entremeios do texto, quando o autor dá os devidos saltos historiográficos, a fim de construir inserções que servem como uma espécie de ponte ao pensamento socioespacial, no que entendemos como trechos de conexões mais remotas, mas que ontologicamente se liga à epistemologia que compõe o espaço geográfico mais contemporâneo e transdisciplinar. É desse espaço construto que se forma nosso intuito de clareza e entendimento ao leitor.