Livro: "A imagem sobrevivente"
SINOPSE:
Neste texto lúcido e apaixonado, o leitor é conduzido pelo universo warburguiano, esmiuçando suas influências e seus conceitos, sem deixar de lado sua surpreendente biografia. Vai surgindo, assim, uma antropologia das imagens que amalgama vida e obra. Uma “história de fantasmas” baseada na sobrevivência das imagens como forma de perturbação da história, como uma memória que irrompe pelos tempos a bordo das silhuetas e dos ícones exalados pelas culturas.
No espectro assim entrevisto, vislumbram-se os paradoxos temporais das imagens: seus movimentos obsessivos de transmissão do páthos em diferentes tipos de gestos. Nas intensidades desta fórmula perturbadora revelam-se os sintomas produzidos pelas contradições dos não saberes e das irreflexões, pelos inconscientes do tempo. Nesse “modelo sintomal”, o devir das formas é analisado como um conjunto de processos tensivos: “Tensionados, por exemplo, entre vontade de identificação e imposição de alteração, purificação e hibridação, normal e patológico, ordem e caos, traços de evidência e traços de irreflexão.”
As vozes que ecoam neste livro cobrem desde a historicidade de Burckhardt até o eterno retorno de Nietzsche, desde a morfologia de Goethe até a memória biológica de Darwin e a empatia de Vischer, desde o inconsciente de Freud até as sobrevivências de Tylor e a fenomenologia do tempo psíquico na qual se baseou a clínica de Binswanger.
De acordo com Didi-Huberman, Warburg está para a história da arte “como estaria um fantasma não redimido para a casa que habitamos”. Sua obra, que culmina com o fascinante projeto inacabado do atlas Mnemosyne, é complexa e instigante, mas muito difícil de ser capturada sem correr riscos. Por isso, não espanta que esse pensador singular tenha se transformado numa obsessão: “Alguém que volta sempre, sobrevive a tudo, reaparece de tempos em tempos, enuncia uma verdade quanto à origem.”
À luz deste livro, cuja edição na língua original ocorreu em 2002 e atualmente é considerado o mais importante de Georges Didi-Huberman, esse fantasma ganha ainda mais brilho e é enriquecido ao se reencarnar nas reflexões desse prolífico pensador francês. Nestas páginas, ele é reinventado, além de “persistir como uma bela lembrança”.
Tadeu Capistrano
Georges Didi-Huberman é filósofo e historiador da arte. Professor na École des Hautes Études en Sciences Sociales, já publicou cerca de trinta livros sobre história e teoria das imagens a partir de um campo de estudos que vai da arte renascentista à arte contemporânea, incluindo pesquisas sobre a iconografia científica no século XIX, o cinema, a escultura, instalações e estudos sobre filósofos, artistas e historiadores, tais como Aby Warburg, Walter Benjamin, Carl Einstein, Bertold Brecht, Jean Baptiste Giacometti, Georges Bataille, Pier Paolo Pasolini, Jean-Luc Godard e Harun Farocki, entre outros.
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