SINOPSE:
Qual a grande surpresa, pela primeira vez na sua Arte e capacidade de criação, J Humberto Henriques elabora um livro que chama de entretenimento para crianças. Poemas infantis. Alguma coisa assim. Entretanto, a qualidade desses poemas espanta e acaba mesmo sendo uma atividade lúdica para todas as idades. A proposta do autor parece ser aquela de tirar crianças maiores do Joãozinho e Maria e fazer com que o atrativo seja a poesia de verdade. Uma poesia de altíssima qualidade. O autor faz isso com essa maestria que sempre deu, ao fim e ao cabo, aos seus livros esse esplendor que não pode e nem deve ser contestado. Nesse livro de poesias surpreendentes, coloridas, um misto de romance conto e poesia – em verdade -, JH Henriques introduz uma arte gratificante. Palavras ditas e sussurradas como brisa fresca. Os desenhos são delicadíssimos. Borboletas filigranadas e multicoloridas, uma para cada página. A percepção do leitor – infantil ou juvenil – aguça-se de tal maneira que página a página surge um novo desafio. O livro parece quebrar a monotonia das obras infanto-juvenis para despertar os pequenos para a diversidade e luz que há no canto poético bem elaborado. Trata-se, na verdade, de um desafio curricular.Entretanto, do ponto de vista do interesse escolástico, esse tipo de construção, bastante peculiar, poderia exercer um papel fundamental na formação infanto-juvenil. As poesias são elaboradas a partir de termos efêmeros – do ponto de vista da utilidade do objeto enquanto considerado coisa -, transportando a imaginação para lugares onde antes nunca estivera. Com isso, abandona-se por completo as tecnologias de massa, aquelas que acabam por levar a conjuntura toda do aprendizado e da atividade lúdica para o nada ou para o que poderia ser chamado de fim de tudo. Esse tipo de pensamento seria interessante ao ser gerido por uma certa atividade letiva e, consequentemente, a continuidade e a busca por autores que possam oferecer esse mesmo desafio diante das mentes que se abrem para o mundo. J Humberto Henriques trabalha nesse A Menina que Fez Tranças no Vento com a associação entre o desenho e a palavra. Por isso, o livro poderia ser uma associação dos visuais com a poesia, seria mais lógico e esclarecedor dizer desta forma. Todos os desenhos mostram borboletas estilizadas, transbordantes de miliardas de cores. A escolha da borboleta parece ser bastante plausível porque é representativo o inseto e um dos mais poéticos desse planeta. As altercações que se sucedem mostram a borboleta em várias posições, com asas abertas, com asas fechadas, de perfil, de frente, o desenho deformando dessa maneira a forma para que dela se acresça o perfil do desenho seguinte, esperado pelo leitor para confrontação com o anterior. As palavras são apoucadas, justamente para deixar a sensação de que a exigência do poema seja sucinta, pueril e explícita. Assim, essa concentração de borboletas deslindadas a partir do isolamento de cada uma do panapaná – nome que se dá ao coletivo de borboletas -, trazem uma alegoria e alegria grandes aos olhos de quem perscruta cada verso, cada rima e cada desenho. Na verdade, esse livro não deveria fazer parte do grupo de visuais criados por J Humberto Henriques. É um tipo de apresentação de poesia muito diferente. Os visuais são experimentais, alguns deles. Já aqui, quando o desenho é dirigido a um público determinado, esse tipo de proposta já tem uma determinação antecipada. Nada de experimental, somente a amostra de uma poesia distinta, cheia de surpresas e dentro de um estilo muito pessoal do autor. Esse tipo de poesia, dedicada a um público infantil, é sem dúvida notória por seu ensejo filosófico e filogenético. É necessário se considerar isso antes de dar prosseguimento a qualquer outra função. Isso poderá facilitar o entendimento da complexidade do texto.
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