Livro: "A Partição da Índia Britânica: A História e o Legado da Divisão do Raj Britânico entre Índia e Paquistão"

SINOPSE:

A Companhia Britânica das Índias Orientais serviu como um dos principais atores na formação do Império Britânico. Desde sua origem, como uma companhia comercial esforçando-se para acompanhar seus superiores concorrentes holandeses, portugueses e espanhóis, até o seu mandato como autoridade governante do subcontinente indiano e sua eventual queda, a Companhia Britânica das Índias Orientais serve como uma lente para explorar as forças econômicas e sociais que moldaram a formação de um império britânico global. Como uma empresa privada que se tornou um poder global não-estatal por direito próprio, a Companhia Britânica das Índias Orientais também serve como um relato de advertência, muito relevante para a situação política e econômica atual do mundo moderno.
Em seu nível mais básico, a Companhia das Índias Orientais desempenhou um papel essencial no desenvolvimento do comércio de longa distância entre a Grã-Bretanha e a Ásia. O comércio de têxteis, cerâmica, chá e outros bens trouxe um enorme influxo de capital para a economia britânica. Isso não só alimentou a Revolução Industrial como também criou uma demanda de itens de luxo entre as classes médias. O crescimento econômico propiciado pela Companhia foi um dos fatores na ascendência da Grã-Bretanha, de um poder regional intermediário para a nação mais poderosa do planeta. Os lucros gerados também criaram incentivo para que outras potências europeias seguissem o mesmo caminho, o que levou a três séculos de competições por colônias em todo o mundo. Este processo foi muito além da Ásia e afetou a maioria do planeta, incluindo a África e o Oriente Médio.
Além de sua óbvia influência em áreas de comércio e trocas, a Companhia das Índias Orientais também serviu de ponto de contato cultural entre os europeus ocidentais, os sul-asiáticos e os asiáticos do leste. Práticas genuinamente britânicas, como beber chá, tornaram-se comuns pelo comércio da Companhia. Os produtos e as práticas culturais que viajavam de um lado a outro, de um continente a outro, também reconfiguraram a forma como as sociedades de todo o mundo viam a sexualidade, gênero, classe e trabalho. Em um nível bem mais obscuro, a Companhia Britânica das Índias Orientais fomentou a supremacia branca e os conceitos europeus de orientalismo.
Após a Revolta dos Cipaios, a Índia passou a ser governada diretamente de Whitehall através de um departamento dedicado: o Escritório da Índia, liderado pelo Secretário de Estado para a Índia. O território foi dividido em “Índia Britânica”, que estava sob o controle britânico direto, e “Estados Principescos”. Os últimos eram territórios e soberanias de diversos poderosos líderes tradicionais, remanescentes do antigo sistema de governo, que foram autorizados, sob vários pesos da superintendência britânica, a manter suas posições e continuar seu governo.
A Índia Britânica, em última análise, cobria cerca de 54% do território e 77% da população. Quando os britânicos começaram a contemplar sua retirada da Índia, 565 Estados Principescos foram oficialmente reconhecidos, além de milhares de zamindaris e jagirs, que eram, de fato, propriedades feudais. A estatura de cada Estado Principesco era definida pelo número de armas disparadas como saudação em uma ocasião cerimonial que homenageava um ou outro príncipe. As saudações variavam de nove a vinte e uma armas disparadas – em muitos casos, não havia disparo algum.
Os Estados Principescos foram sensata e uniformemente espalhados entre as antigas dinastias muçulmanas e hindus, mas, considerando o status de minoria muçulmana, os mesmos foram desproporcionalmente representados. Isso concedeu aos muçulmanos uma quantidade de poder desproporcional transferida a lideranças locais, e culminou em poderosos líderes muçulmanos exercendo influência desigual sobre a política britânica.

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