Livro: "A Vontade de Conceito"

“Conceitos. Todas as ciências os têm. Aquelas que se arvoram de maior cientificidade os ostentam, por vezes em linguagem obscura ou emplumada, em outros casos através de um discurso claro e cristalino, que nem por isso deixa de ser conceitual. Ao lado das ciências mais duras, os campos de conhecimento que aceitam discutir o seu estatuto – por exemplo: a possibilidade ou não de sua cientificidade – também demandam conceitos. Mesmo os campos de saber e de práticas que ainda se debatem acirradamente na luta por se verem reconhecidos no panteão das ciências, ou os que nunca tiveram tal pretensão, valem-se de conceitos”.Com estas palavras iniciais, este livro discute as intrincadas relações entre os conceitos e os diversos campos de saber, bem como suas aplicações na vida humana e no mundo político. Parte-se da indagação inicial sobre “o que é um conceito”, e daí se segue uma reflexão sistemática sobre o que diferencia os conceitos das palavras comuns, sobre a complexidade desta totalidade fragmentária que é o conceito, sobre o papel do conceito como “unidade de comunicação” e como “unidade de conhecimento”. Examina-se a multiplicidade interna ao próprio Conceito, uma vez que este é sempre constituído de elementos internos e de relações entre estes elementos que o constituem. Em sua reflexão singular sobre os Conceitos, o autor o compara aos acordes musicais, ao mesmo tempo produtores de uma unidade entre os sons que o constituem, e explicitadores destes elementos internos. Os conceitos também são comparados, na sua relação com outros conceitos e na rede de significados no interior da qual se inserem, aos acordes musicais que se articulam para formar uma Harmonia e encaminhar uma composição musical em um novo tipo de profundidade. A obra é pioneira nesta reflexão, que depois de abordar os conceitos filosoficamente e historicamente, propõe a inusitada tese de que a Música pode contribuir para uma melhor compreensão sobre como funcionam os conceitos nos diversos campos de saber.Adicionalmente, o livro reflete sobre as relações entre Poder ou Saber ao rediscutir a polissemia mobilizada por todo conceito, as suas possibilidades de articulação ou mesmo distorção, bem como a aplicação dos conceitos à própria vida e ao mundo político. O potencial generalizador dos conceitos, sua historicidade, o desafio de evitar os anacronismos e usos equivocados de certos conceitos em determinadas situações, as implicações necessárias entre a definição de um conceito e o seu campo de aplicação possível – eis aqui mais algumas das questões discutidas sistematicamente pelo autor nesta obra que pode interessar aos estudiosos dos mais variados campos de saber, e aos leitores de filosofia de modo mais específico.