Livro: "Argentina e peronismo: a história e o legado da transição argentina de Juan Perón para a democracia"
SINOPSE:
Na época em que Cristóvão Colombo começou a partir do Novo Mundo para o leste, ele havia explorado San Salvador nas Bahamas (que ele pensava ser o Japão), Cuba (que ele pensava ser a China) e Hispaniola, a fonte do ouro. Segundo a história comum, Colombo, a caminho de volta à Espanha de sua primeira viagem, apareceu em Lisboa como uma cortesia para informar o rei português João II de sua descoberta do Novo Mundo.Posteriormente, D. João protestou que, de acordo com o Tratado de Alcáçovas de 1479, que dividia o Oceano Atlântico entre as esferas de influência espanhola e portuguesa, as terras recém-descobertas pertenciam justamente a Portugal. Para deixar claro o ponto, uma frota portuguesa foi autorizada e despachada para oeste do Tejo para reivindicar as “Índias”, o que gerou uma onda de atividade diplomática na corte de Fernando e Isabel. Na época, a Espanha não tinha poder naval para impedir que Portugal agisse contra essa ameaça, e o resultado foi o Tratado de Tordesilhas de 1494, que foi de grande influência.
O Tratado de Tordesilhas foi um dos documentos mais importantes deste tipo da época, pois estabeleceu os parâmetros essenciais dos dois impérios concorrentes, o primeiro das principais entidades imperiais europeias. O Tratado de Tordesilhas traçou uma linha imaginária de pólo a pólo, percorrendo 100 léguas a oeste das ilhas mais ocidentais dos Açores. De acordo com os termos de uma bula papal de apoio, todas as terras a oeste daquela pertenciam à Espanha, e todas aquelas a leste pertenciam a Portugal. O que isso significava em termos práticos era que Portugal recebia a África e o Oceano Índico, enquanto a Espanha recebia todas as terras a oeste, incluindo as Américas e o Caribe, todas conhecidas coletivamente como “Índias”, ou Novo Mundo.
O Tratado de Tordesilhas, entretanto, continha uma anomalia. Desconhecida na época por seus redatores, a linha do tratado cortava o extremo oeste da América do Sul, mais ou menos da foz do Amazonas a Porto Alegre, ambos no Brasil moderno, o que significa que tudo a leste daquele pertencia legalmente a Portugal. Este fato só foi revelado em 1500 graças a uma expedição do marinheiro português Pedro Álvares Cabral.Enquanto estava a caminho da Índia, sua expedição navegou em um amplo arco no meio do Atlântico em busca dos ventos alísios e inesperadamente pousou na costa do continente sul-americano. Pouco houve que os espanhóis pudessem fazer a respeito e, como consequência, a vasta colônia portuguesa do Brasil foi estabelecida em uma região nominalmente reivindicada pela Espanha.
Talvez inevitavelmente, uma rivalidade regional se desenvolveu quando os portugueses começaram a estabelecer uma colônia no Brasil e expandir suas fronteiras para o sul. Após a conquista dos Incas na década de 1530, a ameaça portuguesa motivou a autorização de uma segunda expedição, desta vez comandada por Pedro de Mendoza com uma força de cerca de 1.500 homens. A força chegou à foz do Río de la Plata em 1536, e lá Mendoza fundou o assentamento de Nuestra Señora Santa María del Buen Ayre. Essa foi a base da futura cidade de Buenos Aires, mas seu estabelecimento teve a resistência das tribos vizinhas, marcando o tipo de conflito que moldaria a história e os movimentos de independência da Argentina nos próximos 300 anos.
Até a década de 1930, o nacionalismo sempre tendeu a ser um fenômeno da direita ou dos anarquistas e bolcheviques imigrantes. Agora, porém, a ênfase mudou para o meio termo e, ironicamente, uma das questões que impulsionou o nacionalismo argentino foi a presença britânica descomunal nos assuntos argentinos, alimentada recentemente pelo acordo comercial preferencial.
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