Livro: "assembleia dos neurônios"

Assembléia dos Neurônios experimenta um mergulho placental pelas memórias de Leafar Ésoj Ycirumovich, desde suas vagas imaginações fantasiosas, até os rastreáveis expedientes despachados pela restrita realidade de sua média trajetória de vida. No íntimo, Leafar empreende uma pesquisa reveladora, em que suas memórias se convertem em principal ocupação. A sequência inclui o desejo, sob suas diversas e complexas interpretações filosóficas enveredadas pela distopia entre o bom e o ruim, de sempre estar em movimento, circunscrito irremediavelmente nas veias vitais para o mundo.
A obra se encarna num homem comum, locatário pé quente de mais uma vida humana, dotado de corpo, alma e memória, foco central desta história. Não importa quem seja o senhor Ycirumovich, nem mesmo ele tem essa resposta – vai por ainda acreditar somente que a grande maioria da humanidade tampouco conhece quem de fato é – não sabe ou apenas forja inocentemente saber para onde vai ou de onde veio; não importa quanto ele mede de altura, se anda acelerado ou contempla com passos lentos qualquer vereda que lhe conceda passagem, se veste 50 ou é fino como um palito de picolé. O fundamental é o debate insistente entre pensamentos que este decide hospedar. No percurso curto ao seu encalço por pouco mais de duas semanas, o personagem trabalha quase apenas em separar, e como pode organizar, suas imaginações dos fatos reais, a fim de poder utilizá-los tão somente quando lhe der na telha.
Para Leafar, o melhor da festa é esperar por ela. A expectativa almejada pelo maravilhoso mundo da imaginação é sempre mais feliz e deslumbrante do que a própria conquista. Quando se alcança a meta, a felicidade acaba.