Livro: "Balança mas não cai: Memórias do jornalismo, vol. 1"

Viver é perigoso. Lição de Guimarães Rosa. Escrever, também. Você se mete a lavrar, cavoucar terreno, pensa umas coisas, lá vem outras. Das armadilhas do texto. Comecei pensando contar minha trajetória jornalística. Aqui, vocês se deparam com meus primeiros passos, entre a Tribuna da Bahia e o Jornal da Bahia, cobrindo o período de outubro de 1974 a meados de 1975. Poucos meses, como podem constatar, não obstante vasto material. Era nova descoberta de mundo, depois de quatro anos de prisão. Saía do sufocante mar cinzento da masmorra para a inebriante aventura do jornalismo, do qual nunca mais me afastei.
Nesse primeiro livro, sou o protagonista. Digo com franqueza: prefiro os meus colegas, os meus parceiros, minhas parceiras de jornada. Confiem: logo depois desse livro, virão outros, com histórias maravilhosas, personagens novos, eu só escrevendo, olhando, de soslaio. Por enquanto, contentem-se com os primeiros passos de minha trajetória. Vou torcer para uma boa leitura nesse novo caminho, o do livro digital. Não está descartada a hipótese do impresso, paralelamente.
Não sei a quem o livro pode interessar. Quem escreve, nunca sabe. Arrisca. Aos meus colegas, provavelmente. Aos estudantes de jornalismo, quem sabe? À cidadã, ao cidadão não especializados nas manhas do jornalismo? Vou prognosticar uma coisa: os próximos livros decorrentes dessa série vão atrair mais. Os protagonistas me parecem mais interessantes, creio já ter dito. A sorte está lançada.
Finalizo, informando: a série está em andamento. Continuo na produção diária, publicando diariamente em minha página. Quando termina? Ainda não sei. Meus personagens mandam. Caminho no compasso deles. Esses livros são deles. De alguma forma eles escrevem comigo. Digo: o mundo é hoje território do comum, não do esforço meramente individual. Tenho convicção disso. Pena, pena mesmo é: o saber cada vez mais compartilhado, a riqueza cada vez menos.