Livro: "Cambuquira: As pontas da temperança: Retratos de uma vida à míngua"

Esse livro é uma coletânea de narrativas de episódios vividos pelo autor, desde a sua primeira infância, datada de pouco antes de 1960 e se estende aos meados da década de 1980. O cenário inicial é uma vila periférica da então pequena cidade do interior onde o escritor nasceu. Ele descreva a seguir os eventos nos quais foi protagonista, em um grande centro de outra região. O relato encerra com a exposição de situações em que ele se envolveu por alguns anos após o seu retorno ao berço materno.A religiosidade (supersticiosa), a pobreza e o analfabetismo funcional dos pais foram fatores determinantes para as atitudes dos filhos, moldando-os desde o conformismo até a violência. Entre irmãos, entretanto, prevalecia a harmonia.E nesse ambiente mesclado de misticismo incauto proliferavam bizarrices de cunho pseudo sobrenatural, tendo o autor presenciado várias anomalias, ainda em criança.A adolescência do autor foi marcada por duas experiências: a de tornar-se seminarista em um colégio interno e a morte de um dos irmãos. Jovem, o narrador abandonou a instituição religiosa, bem com a carreira eclesiástica e, uma vez na cidade grande abraçou a oportunidade de se tornar artista/desenhista publicitário com certo sucesso. Abraçou também a boemia. Desertou do exército. Andou com ladrões e prostitutas. E abatido,com certo sucesso. Abraçou também a boemia. Desertou no Exército. Além dos amigos, andou com ladrões e prostitutas. E abatido voltou para sua terra.E no seu modesto reduto, um lugar dominado pelo amadorismo, e sem recursos disponíveis o profissional, como se julgava,improvisava para ganhar a vida, o que nem sempre vingava.Atormentado por conflitos não resolvidos na consciência, o fujão das Forças Armadas entrou para a associação de jovens da igreja, onde conheceu Veridiana, por sua vez ainda não oficialmente comprometida com um destacado membro do grupo, primo do contista. Engajado nessa irmandade o escritor também compôs Engajado nessa irmandade, o escritor compôs músicas para os festivais da comunidade. Contudo não se desvincilhava da obsessão pela moça. Mas ela se casou, logo após conhecer alguém de outro círculo de convivência, para onde foi.O autor buscou contato com Renilda, depois de uma lacuna de duas décadas, depois de term estudado juntos na mesma classe do 3o. ano primário e onde ele (e de igual modo, cada um dos outros meninos)a imaginava com sendo a sua amada. A cirurgiã dentista em que se formara, pintora, pianista e entendida de assuntos extraterrestres envolveu, desta feita, com mais veemência o seu admirador, em uma união nem sempre pacífica ou consensual.Nove meses de encontros e combates pelos campos do esoterismo, do realismo fantástico e do suposto amor e a mandinga quebrou, ao cabo de alguns dias de separação, pela viagem do noivo ao Mato Grosso, na fazenda onde tinham a pretensão de se mudarem. A namoradinha da classe e a bruxa se tornaram tão somente recordações inconsequentes. Lendas mortas.O que de fato sobreviveu entre todos esses relacionamentos é o que se sobrepôs à rivalidade e a morte: foram os laços de sangue. E ficaram as músicas, para assinalar cada fase.