Livro: "Caminhos do Pajeú"
SINOPSE:
O livro Caminhos do Pajeú (SANTOS, 1954) foi prefaciado pelo reconhecidíssimo escritor José Lins do Rego. Tal prefácio, além de ter sido publicado em jornais de grande circulação no Recife, foi também reproduzido no jornal A voz de Pesqueira.
O escritor Luíz Cristóvão dos Santos, da Academia Pernambucana de Letras, nas suas andanças pelo sertão, deparou com o capitão Augusto Rodrigues. E relata em seu livro “Caminhos do Pajeu”:“Augusto Caraciolo é rijo e forte, como o miolo da aroeira. Viu a derrubada do Império, assistiu a implantação da república e nos noventas anos, lúcido e são, passeava pelas ruas de Sanharó a sua longevidade, com a mesma afoiteza com que os jequitibás sentem no alto da serra o sopro das ventanias nas ramagens altaneiras”.
Luís Cristóvão lhe faz algumas perguntas.
Umas delas:– No seu tempo de moço, capitão, quanto valia um moleque de senzala?.
-Dinheiro a juro. Eu não deixava escravo descansar. Nem possuía negra donzela. Tinha que pari moleque, movimentar a senzala “E acrescentava ainda o velho Augusto: tinha meus negros craúnas, pai-de-lote, para reproduzirem”.
Já viúvo pela segunda vez, quis saber o escritor se desejaria casar novamente.- Pois não.- Com alguma viúva, ainda nova e fresca?- Não. E cortando o ar com a mão espalmada – Não gosto de sobejo de defunto.- Com quem, então?- Com moça já madura, de 25 anos…”
Remata o escritor Luíz Cristóvão dos Santos: “Despedi-me do velho Augusto. Apertei a mão enrugada. Deixei-o evocando o fogo da mocidade, a glória distante da farda da Briosa, de botões dourados e espada brilhando ao sol, sentido já perto a fria mensagem da eternidade. Porque, pouco depois, os jornais noticiaram a sua morte. Um colapso parou traiçoeiramente o velho coração do Capitão Augusto. E com ele se foi para sempre, um pedaço da tradição da gente sertaneja”.
O capitão Augusto casou em primeiras núpcias com uma jovem do vale do Ipanema, que morreu do primeiro parto deixando uma filha de nome Adelaide, criada pela família materna e casada com Antônio Tenório de Carvalho, da fazenda Gentio, município da Pedra. Em segundas núpcias casou com Francisca Ferreira Ventura Caraciolo, filha do tenente-coronel Laurentino Ferreira da Costa Ventura e Felícia Ferreira de Carvalho Ventura, de Monteiro-PB, fixando residência na fazenda Água Branca, onde nasceram todos os filhos do casal: Abelardo, Maria Augusta, Antônio, Laurentino (Seulau), Bartolomeu, Mariah, Maria Bernadete e Maria de Lourdes.Augusto Rodrigues de Freitas Caraciolo nasceu em 08 de agosto de 1860 e faleceu em 1952.
No conto “Vingança de caboclo”, lemos: “Entrou em silêncio, colocou a enxada ao canto da saleta humilde e pendurou o aió de caroáno gancho de madeira fincado na parede”. E em outros trechos: “Cabocla olhava tudo aquilo, também em silêncio, o coração sangrando”. “Por isso cabocla ficou quieta”. “Então cabocla rememorou tudo”. (SANTOS, 1954, p.87-89).
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