Livro: "Carta aos Romanos: O evangelho da vida virtuosa (Pais da Igreja)"

Confesso que não tinha outra intenção, exceto a produção demais um texto para trabalhar nas aulas de Cartas Paulinas no curso deteologia do Seminário Católico Romano da Faculdade de Filosofia deCaruaru onde, há mais de um decênio, tenho tido o privilégio de ensinar,sob a benção de meu bispo anterior, Dom Mitrophan Kodic, BispoOrtodoxo Sérvio da Diocese do Leste da América (USA) e de meu bispoatual, Dom Amphilohije Radovic (a benção do qual igualmente obtivepara escrever a presente obra), Metropolita de Montenegro e Costas eAdministrador Episcopal da Diocese de Buenos Aires e América do Sule Central (Igreja Ortodoxa Sérvia) a fim de atender ao honroso convitedos bispos romanos, entre os quais, devo destacar a solicitude de DomBernardino Marchió.
Entre as minhas primeiras palavras, pois, devo expressar todaminha alegria em encarar as referidas aulas como uma oportunidade pela qual esperava há muito, pois por anos tenho me dedicado sempre àdisciplinas referentes ao AT em meio aos vários seminários católicos eprotestantes em que ensino. Agora, porém, lecionando na área de NT,minha motivação foi se transformando em percepção de duas grandeslacunas existentes entre os estudos bíblicos no Brasil: (1) a busca porresgatar as contribuições dos Santos Padres – particularmente de SãoJoão Crisóstomo em seus comentários às cartas de São Paulo – e (2) aproposta de um comentário pastoral à Carta aos Romanos que fale aopúblico brasileiro tão assediado pelos mais variados desvios da féapostólica, os quais alardeiam um outro evangelho (Gl 1:8)lamentavelmente vanguardista, doutrinariamente agressivo,farisaicamente proselitista e equivocadamente triunfalista.
Isso me faz revelar, portanto, que foi a oração da Igreja em favordos que dela se desviam a minha maior motivação para a produção destebreve comentário pastoral à Carta de São Paulo aos Romanos. Tenhoplena consciência de que ele nem de longe esgotará as contribuiçõesexegéticas aos escritos de São Paulo – a respeito dos quais, já São Pedroafirmava: “há coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2 Pd 3:15-16) – e sequer tangenciará a erudição dos inúmeros e famososcomentários à tão decisiva carta paulina, razão porque me sintoconcitado àquele temor e tremor tão conhecido daqueles queverdadeiramente se consideram míseros pecadores.
Rogo, pois, ao Divino Companheiro de minh’alma, à Luz daminha vida e ao Secreto Conselheiro de meu coração, a graça de mefazer perseverar até o fim na empreitada de mais um de meus indignosserviços prestados à Igreja. Todavia, creio firmemente que, tão místicotemor e tremor a me invadir jamais me desviará do duplo objetivo de (1)avançar na operação de nossa salvação (Fl 2:12) pela fé comum (Tt 1:4) a todosos que resplandecem em boas obras sobre a terra, a salvação mediante afé que é dos eleitos de Deus (Tt 1:1), os quais sobre os Céus intercedem pornós, assim como de (2) ouvir sempre ecoar em meu peito a oração da Igrejaem favor dos que dela se desviam com o fim específico de oportunizar indistintamente aos leitores O Evangelho da Vida Virtuosa, pois écoincidentemente a Carta aos Romanos que faz vigorar o princípioinviolável de que “para com Deus não há acepção de pessoas” (Rm 2:11).
Eis, então, o princípio norteador de nossa exegese da Carta aosRomanos: a aquisição da paz (renovação interior do noûs) e dairrepreensibilidade (ascese de inconformidade com o mundo) mediante oconstante envolvimento com a longaminidade do Senhor (a graça operante deCristo em sua conexão com a obra do Espírito Santo mediante aaquisição das virtudes).