SINOPSE:
Tudo era silêncio, agonia e solidão, me restava apenas folhas em branco, caneta e a literatura como cura do mal sem remédio de viver. Somos muitos e tantos que nos perdemos entre labirintos folgados entre o que somos, o que pensamos ser e o que queremos ser. Esses contos vão apresentar ao leitor esta lacuna angustiante e até engraçada, para quem tiver coragem, de uma sorte de Sibila, a deusa grega que pede a Platão a vida eterna e esquece de pedir a juventude eterna, envelheceu de consciência e a figura putrefacta e eterna só pedia para morrer. Havia em mim um eu Sibila que envelheceu sem morrer e escrever estes contos o matou. É de cunho psicológico e agonia, personagens que não se encontram mais em seus papeis em que o fatalismo do dia-à-dia nos impõe como os cabelos brancos e as dores no joelho. O joelho de existir por vezes não dobra e a articulação de viver trava, há quem procure ajuda profissional, eu procuro o papel, meu psicanalista, parafraseando Hemingway. A pós-modernidade criou modelos e modas de viver, auto-ajuda que serve para tudo, mas não funciona para nada pois a vida não é reta e os caminhos são tão originais quanto digitais, vesti muito ternos que nunca me couberam e estes contos me trouxeram o dorso insuportável da liberdade, livrei-me dos meus eus que não me eram funcionais e não passavam de caricaturas menores do que podia ser. Texto bom é aquele que faz o espirito sangrar, cada um deles me deu uma hemorragia e ao passo que me renovava com um sangue mais rubro, mais vivo, mais tesudo pela vida e seus sabores, odores, dessabores, dores e gozos bebia da liberdade. Já que a vida não tem sentido real, nascemos perdidos, não sabemos para onde vamos e morremos, e estas são as únicas verdades dogmáticas da existência, todo resto são firulas de aliviar dor, paracetamol e morfina existencial, cabe a cada ser um mergulho profundo na sua piscina vazia de se encontrar, se aceitar, se receber e se perdoar; inventar a vida, não aquele que havia sonhado, mas a que mais lhe apraz. Não aceite modelos de viver, são apenas marketing de comportamento que não enxuga suas lágrimas na solidão, nem alivia sua dor da consciência de ser um intérprete de si mesmo. Quando comecei este livro tudo era silêncio e agonia, terminei e era o fim de Hamlet: “Tudo é silêncio”. Ao fim vi todos os ternos que vesti na estrada da vida e ficou o profundo orgulho ser apenas esta figura insignificante, putrefante, e muito satisfeita do resultado dessa miscelânea de línguas, países, culturas, livros, amores, mulheres, coxas e perfumes, sobrou apenas o que deu para ser e o que sobrou era melhor do que todas as pretensões que havia sonhado e interpretado para mim. Detesto gente bem resolvida, gente sem conflito invariavelmente é mentirosa, quero-as longe de mim e de seres bonzinhos fujo com fobia; não sou modelo, nem molde, sou eu e ser eu é uma das, se não, a maior conquista de uma vida. Contos Fora da Minha Pele para os que tem coragem!
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