Livro: "Correspondência eletrônica: de B para C"

Este e-book registra uma amizade que começou na internet e completou duas décadas em 2020. Conheci C no Multiply, a rede social jurássica do final dos anos 1990 e começo dos anos 2000. Trocamos mensagens privadas e descobrimos que tínhamos muito em comum: músicas, filmes, livros, seriados e moda alternativa. Com o surgimento de outras opções, fomos migrando de endereço eletrônico, mas a conversa continuava rendendo. C mora em Manaus e eu em São Paulo (agora no interior do estado, não mais na capital). Apesar da distância, somos próximos porque falamos abertamente sobre tudo, inclusive sexualidade. Não existem julgamentos em nossos diálogos quase diários.
Ela é lésbica e eu sou gay. Talvez a identificação tenha vindo por causa disso, mas existem mais camadas de coincidências felizes. A questão do gosto pessoal pesa bastante. É difícil conversar com quem não aprecia as mesmas referências. A comunicação trava o tempo todo e chega a um ponto em que acaba. Nossa amizade lembra o filme Nunca te vi, sempre te amei (1987), com Anne Bancroft e Anthony Hopkins. Apesar de nunca se encontrarem, há uma relação sólida de amizade. A esposa do personagem de Hopkins fica enciumada, mas depois entende que é a paixão pelos livros que os aproximou de forma definitiva. Uma grande amizade merece ser registrada, e é essa a intenção deste projeto.