Livro: "Dominadora: Parte I"

Eu era uma boa menina do interior e minha família era bastante tradicional e conservadora.
Um dia conheci um homem marcante. Ele foi um divisor de águas. Seu nome era Mr. Y e ele era um dominador experiente. BDSM, dominação, submissão, baunilha, bondage, shibari… era como um novo idioma surgindo diante de mim. Não conhecia nada daquilo e nem entendia do que estavam falando. Ele veio a ser meu tutor, meu mestre nesse universo.
Já se haviam passado alguns poucos anos desde meus tempos sob a tutoria de Mr. Y. Me tornei uma dominatrix. Ah, como eu adoro esse título! Eu era uma dominadora eficiente, de boa reputação. Da mesma forma como pessoas procuravam o Mr. Y para serem dominadas por ele, homens e mulheres me procuravam para serem dominadas por mim.
Um dia, minha mãe veio me visitar e me fez um convite para ir com ela à igreja. Quando a reunião terminou, minha mãe foi cumprimentar sua amiga. Enquanto as duas conversavam, eu lutava para não ser engolida pelo tédio. Eu estava olhando para baixo, do lado das duas enquanto conversavam, quando ouvi aquela voz inconfundível perto de mim. Juro que me arrepiei de baixo até em cima. Meus olhos percebem uma mão estendida para cumprimenta-la e meus olhos seguem pela mão, pelo braço, pelo pescoço até o rosto. Era aquele pastor novinho.
“E você… você é a…”“Eu sou a Caroline… Carol…” Eu gaguejei.“É um prazer, Caroline.” Ele me olhava nos olhos e eu observei seu sorriso. Seus dentes eram tão brancos e bem cuidados. Ai, eu queria agarra-lo ali mesmo.“Pode ser apenas Carol mesmo.” Eu fiquei meio sem graça.
Naquela semana eu tive Ricardo em meus pensamentos frequentemente. Ele era atraente e eu estava gostando dele. Era um homem bonito, de bom papo, interessante e bastante atípico. Eu mesma era uma pessoa atípica. Nossos universos eram tão diferentes que eu tinha certeza que quando ambos se encontrassem uma onda de choque resultaria desse impacto entre os mundos. Isso era empolgante e excitante. Eu, uma dominadora profissional, uma mulher independente, que não dá satisfação a ninguém, que conhece seu próprio corpo, que gosta de ter prazer e que sabe – que sabe muito bem – controlar as situações ainda meteria minhas mãos naquele cordeirinho bonitão. Eu o teria aos meus pés. Eu sabia disso. Eu ainda o teria literalmente aos meus pés.