Livro: "Dossiê Globo – Uma Biografia"

O império de comunicação criado por Roberto Marinho tem como objetivo principal, além da prosperidade financeira, situar-se como uma espécie de poder paralelo no Brasil, tentando, muitas vezes com absoluto sucesso, manipular a opinião pública em direção ao perfil ideológico e aos interesses específicos do grupo Globo.
Desde a sua fundação o jornal O Globo teve a pretensão de ditar os caminhos pelos quais o Brasil deveria trilhar na política. Bastante conservador e enxergando o comunismo em todos os cantos, o jornal que Roberto Marinho herdou ainda bastante jovem, sempre procurou interferir em importantes episódios da política do país.
O apoio incondicional ao golpe de Estado de 1964 e a defesa enfática da ditadura militar foram fatores cruciais para a ascensão das organizações Globo.
Acordos com grandes grupos estrangeiros, como o caso da união espúria com a Time-Life, que incluíam altos valores em dólares e contrariavam a Constituição Federal vigente à época, não sofriam nenhuma restrição da ditadura militar.
A aquisição da TV Paulista, que se constituiu no lucrativo braço paulista da Rede Globo foi um negócio coberto por acusações de fraude contra os antigos acionistas, assembleias forjadas e outras irregularidades.
O episódio conhecido como Caso Proconsult, uma tentativa de fraude eleitoral na divulgação dos resultados das eleições de 1982, para impedir que o candidato de esquerda, Leonel Brizola, desafeto das Organizações Globo, fosse considerado vencedor das eleições para o governo do Estado do Rio de Janeiro, contra o candidato apoiado pela ditadura, é um das manchas que marcam a história da imprensa dirigida pro Roberto Marinho.
Com a ditadura chegando ao fim, o proprietário das organizações Globo se aproximou dos novos donos do poder, o que acabou possibilitando a ele adquirir, de modo extremamente vantajoso, o controle da NEC do Brasil, empresa fabricante de equipamentos de telecomunicações que era a principal fornecedora do governo na área.
Em 1989, no segundo turno das eleições presidenciais entre o candidato Fernando Collor, apoiado pelas organizações Globo, e o candidato da esquerda, Luís Inácio Lula da Silva, o Jornal Nacional fez uma edição do debate que, até hoje, é considerada um escândalo do jornalismo manipulador.
Com a finalidade de atingir seus intentos, Roberto Marinho aliou-se a setores sórdidos da política nacional, tentando eleger seus apadrinhados, derrubando governos constitucionais e legítimos e aliando-se a ditadores e assassinos, em favor de vantagens, muitas vezes, contrárias à Constituição Federal.
Esses fatos, e muitos outros do período de 1925 a 1989 estão narrados neste primeiro volume do Dossiê Globo – Uma Biografia.