Livro: "Educação e novas tecnologias: Linguagem, tradição e mundo comum"

Argumentamos que o elemento central da educação é a humanização na perspectiva de um mundo comum, tendo como pressuposto a linguagem enquanto diálogo com a tradição em que está em questão a nossa existência e seu sentido de ser uns com os outros. Dessa compreensão emerge a perspectiva da antropologia enquanto reflexão originária para pensar os desafios da educação e de seu sentido de ser na confluência de uma humanidade condicionada pelas tecnologias. Compreendemos que não há uma natureza tecnológica humana na qual a educação em seu sentido e estrutura deveria estar colada, mas formas de organizar o mundo comum pelas novas tecnologias sem uma regra rígida e sem uma posição fixada previamente. A partir dessa pressuposição, coloca-se o percurso do presente livro: pensar a educação como processo aberto de humanização no âmbito da linguagem, assumida aqui como pressuposto paradigmático; pensar a antropologia como abertura do sentido existencial de nossa condição; pensar a tradição como historicidade da experiência, da interpretação, compreensão e construção de conhecimentos; pensar o mundo comum como horizonte político da educação para além do projeto tecnológico e científico da atualidade como únicos propulsores da organização do comum do mundo humano. O texto que ora apresentamos procura estabelecer um horizonte teórico para pensar questões atuais da educação sob as seguintes perspectivas: do diálogo entre educadores e educandos como o modo de realização dos processos do apreender e do ensinar; do ser humano entendido como linguagem e que no encontro com os outros e com o mundo transforma sua condição humana mediante a capacidade de deliberação; a interpretação da tradição como possibilidade de compreensão do mundo em sua constituição que se dá historicamente; o encontro intersubjetivo na escola como possibilidade de constituição de uma convivialidade comum (Gadamer) e/ou mundo comum (Arendt); as tecnologias da comunicação e informação como continuação do diálogo escolar e não a sua substituição e ou hipostasiação dos conhecimentos das ciências e da tradição num informacionalismo.