Livro: "Emblemas católicos em tempos de repressão militar e de redemocratização: Cartazes da Campanha da Fraternidade entre 1973 e 1988"

Entre 2008 e 2010, desenvolvi uma pesquisa e um texto sobre cartazes e livretos do evento anual católico Campanha da Fraternidade. Na época, eu era aluno do programa de pós-graduação em História da USP. Foi uma pesquisa e um desenvolvimento de texto conturbados, principalmente devido ao fato de que eu tinha escapado de uma arapuca e caído em uma pior ainda. Eu havia escapado da armadilha do marxismo vulgar para cair no existencialismo, ou seja, no subjetivismo, no individualismo e no irracionalismo. Compreendi melhor o marxismo a partir de 2011, a partir de leituras dos textos de Ernst Bloch. Busco me apoiar em pensadores e militantes marxistas desde então.Reaver este texto, para mim, tem um gosto amargo e nostálgico. Os relatos e os cartazes relacionados às Campanhas da Fraternidade das décadas de 1970 e 1980 denunciam uma sociedade extremamente violenta e desigual, com uma grande parcela da população vivendo na pobreza ou na miséria. Um cenário que parecia estar sendo combatido significativamente nos governos do Partido dos Trabalhadores nos anos 2000. Agora, com o governo Bolsonaro, o cenário trágico social dos anos 70 e 80 parecem retornar com força, mas desta vez não há um clero católico progressista. No lugar dos católicos progressistas, agora há uma horda insana de adeptos da teologia da prosperidade, que misturam bisonhamente as passagens bíblicas com comportamentos individualistas e de competição.Este é o valor dos relatos de participantes da Campanha da Fraternidade e de alguns cartazes do século passado, o valor de denúncia social, que permanece até hoje. Selecionei algumas partes do texto original, com poucas modificações. Em anexo deixo o valioso tesouro dos relatos de alguns participantes importantes da Campanha da Fraternidade