Livro: "Ensaio Filosófico Sobre Leibniz E O Problema Do Mal"

Não há dúvida de que o problema do mal tem perturbado Leibniz tanto como qualquer dos problemas com que se envolveu no decorrer da sua carreira filosófica. Isto manifesta-se no facto de que as primeiras e últimas obras de longa-metragem que ele escreveu, a Confissão Filosofal (escrita aos 26 anos em 1672) e a Teódica (escrita em 1709, sete anos antes da sua morte) foram ambas dedicadas a este problema, bem como o facto de, nos anos intercalares, Leibniz ter escrito numerosas peças curtas sobre questões relacionadas – muitas das quais podem ser encontradas em Gr e estarão em breve disponíveis em traduções em inglês atualmente em curso por R. C. Sleigh, Jr.- e um trabalho de corpo inteiro, a Dissertação sobre Predestinação e Graça (DPG), que só foi publicada em 2011. O facto de o Theodicy ter sido o único tratado de comprimento de livro que Leibniz publicou durante a sua vida fornece mais provas da importância que atribuiu ao tema. Por conseguinte, é conveniente que se tenha tornado agora um lugar-comum interpretativo que a preocupação de Leibniz com o problema do mal era fulcral para as suas preocupações filosóficas abrangentes ao longo da sua carreira filosófica. [Ver Rutherford (1995) e Antognazza (2009).] A abordagem de Leibniz ao problema do mal tornou-se conhecida por muitos leitores através do lampoon de Voltaire em Cândido– a ligação que Voltaire parece forjar entre Leibniz e o otimismo extravagante do Dr. Pangloss continua — para melhor ou pior — para moldar a compreensão popular da abordagem de Leibniz ao problema do mal. Nesta entrada examinamos as duas principais espécies do problema do mal que Leibniz aborda. O primeiro, “o problema do fracassado”, é levantado por um crítico que argumentaria que a existência do mal no nosso mundo indica que Deus não pode ser tão conhecedor, poderoso ou bom como os monoteístas tradicionais afirmaram. O segundo, “o problema da santidade”, é levantado pelo crítico que argumentaria que os emaranhados causais íntimos de Deus com o mundo fazem de Deus a causa do mal. Deus está assim implicado no mal em detrimento da sua santidade.