Livro: "Ensaio Filosófico Sobre Os Fundamentos do Estatuto Moral"

Uma entidade tem estatuto moral se e somente se ela ou os seus interesses moralmente importarem de alguma forma para o próprio bem da entidade. Por exemplo, pode dizer-se que um animal tem estatuto moral se o seu sofrimento for, pelo menos, um pouco moralmente mau, por causa deste animal em si e independentemente das consequências para outros seres.No nível mais geral, há duas formas de entender o estatuto moral, ou o que os outros às vezes chamam de “posição moral” ou “considerabilidade moral”. Na abordagem utilitária (ver a entrada na história do utilitarismo), a considerabilidade moral (o seu termo preferido) é uma questão de ter os seus interesses (por exemplo, a intensidade, a duração, etc. do prazer ou da dor) factorados no cálculo que determina qual a ação que gera a maior utilidade. Quanto à abordagem não utilitária, ter estatuto moral é que haja razões para agir em nome da entidade ou do seu interesse, razões que são anteriores e podem colidir com o que o cálculo das melhores consequências globais ditaria. A abordagem não utilitária é necessariamente associada a duas outras ideias: agir injustificadamente contra tais razões, bem como não dar a estas razões o seu peso adequado na deliberação não só é errado, como engana a entidade e deve-se à entidade evitar agir desta forma. Note-se que os utilitários poderiam incorporar estas duas ideias alegando que é devida a entidades com estatuto moral incorporar adequadamente os seus interesses no cálculo utilitário, e que se engana uma entidade quando isso não é feito. Mas estas duas ideias são inessenciais à abordagem utilitária.