Livro: "Ensaio Sobre A Influência de Luter na Filosofia"

O objetivo desta entrada é delinear o impacto de Martinho Lutero (1483-1546) na tradição filosófica que o perseguia. A Reforma Protestante como um todo teve, sem dúvida, uma influência considerável na filosofia e não apenas na teologia, até porque muitas figuras filosóficas fundamentais faziam parte deste património religioso nas suas diversas formas, além de serem apanhadas nas grandes mudanças sociais e políticas e nos conflitos que a Reforma desencadeou. No entanto, traçar especificamente a influência do próprio Lutero é um exercício mais complexo, em parte porque outras figuras centrais da Reforma, como Philip Melanchthon (1497-1560) e John Calvin (1509-64) tiveram o seu próprio impacto; Ao1] mesmo tempo, a Própria Reforma assumiu uma série de formas diferentes, mesmo na própria vida de Lutero e mais fortemente depois, muitas das quais partiram do próprio Lutero em questões fundamentais, apesar das várias tentativas de chegar a alguma uniformidade de doutrina. Esta complexidade, aliada ao sentimento de que Lutero era, de certa forma, um “anti-filósofo” devido aos seus comentários hostis sobre a disciplina, Aristóteles e a razão, levaram a influência de Lutero dentro da filosofia a ser bastante negligenciada. No2] entanto, o impacto do seu pensamento sobre a “modernidade” de uma forma mais geral tem sido muito discutido (ver §6), enquanto a recente bolsa de estudos sugeriu que é um erro negligenciar a influência de Lutero na filosofia mais estreitamente concebida, e que a discussão das suas ideias (tanto positiva como criticamente) pode ser vista para marcar a tradição filosófica desde o início do período moderno de uma forma distinta (ver §§1-5). Naturalmente, este impacto ocorre mais obviamente nos países do Norte da Europa, onde a Reforma foi geralmente espalhada de forma mais eficaz..