Livro: "Ensaio Sobre A Justiça Distributiva"

Os quadros económicos, políticos e sociais que cada sociedade tem – as suas leis, instituições, políticas, etc.- resultam em diferentes distribuições de benefícios e encargos entre os membros da sociedade. Estes quadros são o resultado de processos políticos humanos e mudam constantemente tanto entre as sociedades como as sociedades ao longo do tempo. A estrutura destes quadros é importante porque a distribuição de benefícios e encargos que deles resultam afeta fundamentalmente a vida das pessoas. Os argumentos sobre quais os quadros e/ou distribuição resultantes são moralmente preferíveis constituem o tema da justiça distributiva. Os princípios da justiça distributiva são, portanto, melhor considerados como fornecendo orientação moral para os processos e estruturas políticas que afetam a distribuição de benefícios e encargos nas sociedades, e quaisquer princípios que ofereçam este tipo de orientação moral sobre a distribuição, independentemente da terminologia que empregam, devem ser considerados princípios de justiça distributiva.Esta entrada é estruturada da seguinte forma. Depois de delinear o âmbito de aplicação e o papel dos princípios distributivos, o primeiro princípio relativamente simples da justiça distributiva examinado é o Egalitário Estrito, que apela à atribuição de bens materiais iguais a todos os membros da sociedade. O princípio distributivo alternativo de John Rawls, a que chama o Princípio da Diferença, é analisado em seguida. O Princípio da Diferença permite divergir da igualdade estrita, desde que as desigualdades em questão tornem materialmente mais vantajosas na sociedade do que estariam em igualdade severa. Alguns pensaram que nem a igualdade rigorosa nem o princípio da diferença de Rawls captam os importantes papéis morais da sorte e da responsabilidade. A literatura “Luck Egalitarianismo” compreende diferentes tentativas de conceber princípios distributivos que são adequadamente sensíveis a considerações de responsabilidade e sorte. Os princípios baseados no deserto também enfatizam os papéis morais da responsabilidade e da sorte, mas são distintos porque abordam estes fatores através de afirmações sobre o que as pessoas merecem devido ao seu trabalho.Os defensores dos princípios baseados no bem-estar (dos quais o utilitarismo é o mais famoso) não acreditam que a principal preocupação distributiva deva ser bens e serviços materiais. Argumentam que os bens e serviços materiais não têm valor intrínseco, mas são valiosos apenas na medida em que aumentam o bem-estar. Por isso, defendem, os princípios distributivos devem ser concebidos e avaliados de acordo com a forma como afetam o bem-estar, quer a sua maximização quer a sua distribuição. Os defensores dos princípios libertários, ao contrário de cada um dos princípios até agora mencionados, criticam geralmente qualquer ideal distributivo que exija a prossecução de “padrões” específicos, como a maximização ou a igualdade de bem-estar ou de bens materiais. Argumentam que a prossecução de tais padrões entra em conflito com as exigências morais mais importantes da liberdade ou da auto-propriedade. Finalmente, as críticas feministas aos princípios distributivos existentes notam que tendem a ignorar as circunstâncias particulares das mulheres, pelo que as feministas tendem a defender princípios mais sensíveis a factos como o facto de as mulheres terem muitas vezes a responsabilidade principal pela educação das crianças e, em média, passarem menos tempo das suas vidas do que os homens na economia de mercado.