Livro: "Ensaio Sobre Confúcio Na Filosofia Japonesa"

No Japão, o confucionismo ergue-se, juntamente com o budismo, como um grande ensino religio-filosófico introduzido a partir da maior arena cultural asiática no início da civilização na história japonesa, aproximadamente meados do século VI. Ao contrário do budismo que acabou por vir da Índia, o confucionismo foi, acima de tudo, um ensino claramente chinês. Espalhou-se, no entanto, da dinastia Han, da China, para a Coreia, e mais tarde entrou no Japão através, na maior parte da península coreana. Em aspetos significativos, então, o confucionismo é a força intelectual que define grande parte da identidade do Japão no Leste Asiático, especialmente em relação ao pensamento e à prática filosóficas. Embora exista uma dimensão religiosa para o confucionismo, os seus ensinamentos – éticos, epistemológicos, metafísicos, políticos e estéticos – são tipicamente compreendidos em relação ao mundo sociopolítico da humanidade, a começar pelo indivíduo e pela sua busca pela perfeição moral e intelectual, pela família e pela sua busca pela harmonia e ordem, e pela polidade e pela sua busca pela paz e prosperidade em todo o céu, ou seja, o mundo em geral. A este respeito, o confucionismo foi o agente da filosofia secular no mundo comum da existência quotidiana, num nível ou noutro, ao longo da história japonesa, bem nos tempos modernos. No entanto, muitas vezes não, os seus ensinamentos tornaram-se tão integrados na cultura japonesa sem apelar à sua identidade global como ensinamentos “confúcios”, levando muitos, ao longo do tempo, a assumir ingenuamente que eram parte integrante da mente japonesa e das suas miríades expressões na história e na cultura.