Livro: "Entrevistando Kardec VOL. III: O ESTÍMULO COM KARDEC"

Degenerar
Cada renascimento, aqui na Terra, recapitula os caminhos percorridos no passado. A pesquisa desse fenômeno não é fácil de ser feita. Requer inúmeros conhecimentos básicos, de todas as ciências, além de uma certa familiaridade com a teoria reencarnacionista, acrescida de intuição considerável, despertada pelo amadurecimento espiritual.Quando esses conhecimentos alcançam o desenvolvimento requerido, abre-se a possibilidade de se enxergar, numa vida, os reflexos de todas as demais, anteriores, bem como suas projeções futuras. Ainda assim, deparamo-nos com muitas questões sem respostas satisfatórias, principalmente quando a análise é feita com relação nós mesmos. Quando se trata de nós, a emoção empana o raciocínio, diminuindo-lhe o tirocínio.A maior parte das reminiscências refletem-se no período gestacional, em que toda a cadeia da evolução biológica se condensa. Após o nascimento, aspectos outros se apresentam, refletindo, com mais intensidade, as idiossincrasias das últimas encarnações. Quando da maturidade somática é que o indivíduo realmente assume o seu verdadeiro estágio evolutivo, conquanto algumas das suas conquistas possam permanecer ocultas, conforme o planejamento reencarnacionista o requeira.Continua o indivíduo a sofrer as influências do seu passado, mas os vícios que já tiverem sido superados pelas virtudes a eles contrárias vão perdendo a força de interferência, na medida mesma em que novas aquisições vão surgindo.Do ponto de vista biológico, ao assestarmos a nossa observação numa vida humana, nela procurando a chave da compreensão do processo de despertamento espiritual, notaremos, de ordinário, que há um período de acelerado crescimento, tanto físico como intelectual. Depois, sobrevém um tempo de estagnação do organismo, em que a catabolia se equipara à anabolia, enquanto que a mente prossegue o seu desenvolvimento, colecionando aprendizados. Por fim, assistimos a uma decrepitude do corpo e da mente.Ora, se uma vida é a imagem das vidas, deveríamos, então, depreender que o Espírito, semelhantemente, nasce, cresce, estaciona, retrograda e morre? Não. Nem o Espírito nem a matéria degeneram. E essa é uma das questões que a Ciência ainda não dispõe de meios para comprovar. A Filosofia, sim. Porque a Filosofia, embora intimamente ligada à Ciência, precede-a. Primeiro, filosofa-se. Depois, experimenta-se.Filosofando, podemos inferir que a degeneração é, tão-somente, aparente, se tudo se transforma, e a vida prossegue, cada vez melhor, aprimorando-se. Com o Espírito não é diferente. Aparenta degenerar, quando, na verdade, está desenvolvendo novos valores, na esteira do tempo.