Livro: "Estudo Biográfico: João de Salisbury"

João de Salisbury (1115/20-1180) foi um dos filósofos mais importantes do chamado Renascimento do século XII, contribuindo para o desenvolvimento da filosofia política e moral, bem como para a teoria medieval da educação e para a divulgação da aprendizagem aristotélica emergente. Tendo recebido uma extensa educação em Paris, passou a maior parte da sua vida como servo ativo da igreja. Associado do arcebispo Thomas Becket da Cantuária durante a sua disputa com o rei Henrique II de Inglaterra, João acabou por ser elevado ao cargo de Bispo de Chartres. O pensamento de João tem sido caracterizado como “humanista”, uma vez que valoriza a dignidade da humanidade e da natureza em geral: Este último é inteligível e pode ser entendido através da aplicação da razão natural. No entanto, João admitiu que existem graves impedimentos à obtenção da sabedoria. Ao longo dos seus escritos, ele professava seguir o ceticismo moderado de Cícero e da Nova Academia, que rejeitava alegações dogmáticas de certeza. O melhor que a investigação humana racional pode na maioria dos assuntos alcançar, diz João, é a provável verdade, sempre sujeita a reavaliação e revisão. O tenor geral da sua filosofia reflete-se na sua defesa da moderação e na sua ênfase na natureza como guia normativo para a realização terrena. João compôs vários tratados de interesse filosófico, nomeadamente o Policraticus (PC), mas também o Metalógico (ML) e o Entheticus de dogmate philosophorum (EMM). Estas obras foram todas concluídas entre 1154 e 1159, durante o período de serviço de João ao Arcebispo Teobaldo, antecessor de Becket na sé da Cantuária. Os outros escritos de João – duas coleções de cartas, duas hagiografias e uma história – evidenciam a aplicação prática dos seus compromissos filosóficos.