Livro: "Estudo Biográfico: Origen"

Origen (c. 185-c. 253) foi um teólogo cristão, que fez uso copioso do método alegórico nos seus comentários, e (embora mais tarde considerado herege) lançou as bases da teologia filosófica para a igreja. Foi ensinado por um certo Amónio, que a maioria dos estudiosos identificam como Amónio Saccas, o professor de Plotino; muitos acreditam, no entanto, que as provas externas não nos permitirão identificá-lo com o Origen que Plotinus conhecia como um colega. Foi certamente bem instruído em filosofia e usou-a como acessório para a exposição e harmonização das Escrituras. Esta foi a tarefa que ele empreendeu na maioria dos seus escritos anteriores, e a teologia mais sistemática é fundada nas doutrinas eclesiásticas da Trindade, a encarnação, a salvação após a morte e a inerrância das Escrituras.Origen foi o primeiro cristão a falar de três “hipostases” na Trindade e a usar o termo homoousios (embora apenas por analogia) da relação entre a segunda destas hipostasiases e a primeira. O Pai, ou primeira pessoa, é, no entanto, o único que é autoteos, Deus no sentido mais pleno, enquanto o Filho é o seu dunamis ou poder e o Espírito um ser dependente, operando apenas nos eleitos. Os três são eternos e incorpóreos, sendo o Filho conhecido como Sabedoria em relação ao Pai e Logos (razão, palavra) em relação ao mundo. Nesta qualidade ele é o pastor dos seres racionais o logikoi, que, de acordo com os seus críticos posteriores, foi dito nos seus escritos perdidos ter estado na origem de seres incorpóreos coeval com o mundo, se não mesmo eterno, e atualmente preso em corpos materiais apenas por causa de um arrefecimento no seu amor. Não é tão fácil demonstrar, a partir das suas obras, que manteve o mundo material em tal desprezo, embora certamente o detenha a ser criado do nada e suspeite que o conceito de matéria é filosoficamente redundante. As almas, na sua opinião, são enviadas para corpos (talvez nunca mais do que uma vez, embora, mais uma vez, alguns críticos lhe impurem uma doutrina de transmigração ou queda crônica da felicidade). A alma permanece indelicavelmente livre nas suas escolhas, e o uso indevido desta liberdade é a causa do seu cativeiro para o diabo.