Livro: "ESTUDOS TRANSDISCIPLINARES EM TEMPOS DE TERRA EM TRANSE AMBIENTE, SOCIEDADE E PANDEMIA: MUDANÇA SOCIAL E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA (5)"

Os movimentos históricos entorno da interdisciplinaridade não estão dissociadosdo próprio processo de formação da disciplinaridade e da especializaçãocientífica. Desde o desenvolvimento das nossas contemporâneasconcepções de ciência, os processos de estruturação dos campos científicossempre contaram com o contraponto da necessidade da unificação dasciências, estejam eles situados nas ciências naturais ou nas ciências humanas.Como, por exemplo, nos manuscritos do Jovem Marx, que em torno de1843 já se debatia sobre a questão: “(…) apenas conhecemos uma ciência, ada história. Esta pode ser examinada sob dois aspectos; podemos dividi-laem história da natureza e história dos homens. Porém, estes dois aspectosnão são separáveis (MARX, 1843) ”. É possível perceber, ao longo do séculoXX, tentativas de elevação desta ou daquela ciência ao status de “integradora”:a Ecologia, por Odum (1988), a Antropologia, por Lévi-Strauss (1976)ou, novamente, na História, por Braudel (2013). Algo muda no sentidoda busca pela interdisciplinaridade, a partir dos anos 1950/1960, quandoa referência a uma disciplina articuladora perde a força em detrimentodo surgimento de ciências interdisciplinares temáticas, como é o caso daCibernética (WIENER, 1984) e mais recentemente a “ciência da sustentabilidade”(MCMICHAEL, 2003). Em ambos os casos, temos a chamadainterdisciplinaridade “formativa”, em que a intersecção entre diferentescampos científicos produz novas ou mais disciplinaridades e processos deespecialização científica.