Livro: "Filho da mãe"
SINOPSE:
«A escrita é o peito aberto às balas. É imperativo que enfrente, descubra e escreva na proporção exata da devastação que apagou tudo.»
Perto de fazer quarenta anos, Hugo Gonçalves recebeu o testamento do avô materno dentro de um saco de plástico. Iniciava-se nesse dia uma viagem, geográfica e pela memória, adiada há décadas. O primeiro e principal destino: a tarde em que recebeu a notícia da morte da mãe, a 13 de Março de 1985, quando regressava da escola primária.
Durante mais de um ano, Hugo Gonçalves procurou pessoas e lugares, resgatando aquilo que o tempo e a fuga o tinham feito esquecer ou o que nem sequer sabia sobre a mãe. Das férias algarvias da sua infância aos desgovernados anos de Nova Iorque, foi em busca dos estilhaços do luto a cada paragem: as cassetes com a voz da mãe, os corredores do hospital, o colégio de padres, uma cicatriz na perna, o escape do amor romântico, do sexo e das drogas ou uma road trip com o pai e o irmão.
Esta é uma investigação pessoal, feita através do ofício da escrita, sobre os efeitos da perda na identidade e no caráter. É um relato biográfico – tão íntimo quanto universal – sobre o afeto, as origens, a família e as dores de crescimento, quando já passámos o arco da existência em que deixamos de fantasiar apenas com o futuro e precisamos de enfrentar o passado. É também, inevitavelmente, uma homenagem à figura da mãe, ineludível presença ou ausência nas nossas vidas.
Sem saber o que iria encontrar na viagem, o autor percebeu, pelo menos, uma coisa: quem quer escrever sobre a morte acaba a escrever sobre a vida.
«O luto em três atos, capítulo no meio deste texto que rasga os géneros, é das coisas mais dilacerantes e belas algum dia escritas para qualquer um que tenha perdido alguém. Da dureza da idade adulta às recordações mais distantes, atravessando os trinta e três anos desde a morte da sua mãe, Gonçalves constrói, sobre a sua história verdadeira, uma fábula acerca do sentido do amor e da perda, levando-nos a crer e querer o miúdo que, a meio da noite, se põe a rezar para fazer ‘recuar o tempo’.»
João Tordo
«Um livro que me comoveu, divertiu, ensinou. Escrever sobre este tema sem uma única vez ser piegas e, ao mesmo tempo, montar uma tal coletânea de recursos, quadros, memórias, poéticas, míticas é obra ao alcance de muito poucos. De uma tal honestidade, de uma tal coragem, que nunca nos sentimos no papel do voyeur. Chama-se intimidade, e talvez seja o último valor do mundo.»
Joel Neto
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