Livro: "Filosofia da Biomedicina"

Apesar do nome simples, a biomedicina não é simplesmente a área de sobreposição entre biologia e medicina. É um quadro, um conjunto de compromissos filosóficos, uma instituição global tecida na cultura ocidental e sua dinâmica de poder, e muito mais. A biomedicina é o marco teórico da maioria dos trabalhos de ciência da saúde e tecnologia em saúde realizados em ambientes acadêmicos e governamentais. As práticas médicas ocidentais e a infraestrutura de saúde circundante são principalmente biomédicas. As corporações relacionadas à saúde são predominantemente biomédicas na orientação (com exceção de alguns produtores homeopáticos e outros outliers dispersos). A ajuda médica internacional oferece principalmente recursos biomédicos. A biomedicina, em outras palavras, é o nome de como as instituições globais mais poderosas vislumbram as relações entre ciências biológicas e medicina.O modelo biomédico é de fato tão comum que é fácil ignorar o quão filosoficamente pesado (e contencioso) são seus compromissos fundamentais: que fenômenos de saúde devem ser entendidos em termos de entidades e processos físicos/bioquímicos, que as técnicas experimentais são os meios preferidos de adquirir e avaliar o conhecimento relacionado à saúde, e que os corpos humanos são melhor compreendidos como compostos por uma coleção de partes e processos subsidiários (Krieger 2011: 130). Além de criticar esses compromissos fundamentais, os filósofos também têm contestado questões conectadas sobre os significados da saúde e da doença, a natureza do conhecimento biomédico e da expertise, o valor do pensamento reducionista, o valor das instituições globais da biomedicina, etc.