SINOPSE:
“Folhas Mortas” é um romance de época, ou, como os especialistas e críticos literários referem, uma narrativa do gênero histórico. O cenário de época é o Recife nos anos 1917 e 1918, quando a cidade ainda era um ambiente bucólico em processo de modernização. Há ficção pura (produto exclusivo da criatividade do autor) e há a recriação de eventos reais (com a devida licença poética, é claro). O fundo ficcional narra a história de amor entre Francisco das Chagas, o Chico, e Isabela Macedo de Albuquerque, a heroína Belinha. Ele, um padioleiro do Hospital Pedro II. Ela, uma professora e filha de um dos homens mais ricos do estado. É esse amor nos tempos da mortal gripe espanhola que reveste a trama entre os dois protagonistas. Os eventos calcados na realidade recriam, por sua vez, alguns momentos da vida do então jovem Gregório Bezerra, o gazeteiro e pedreiro “Grilo”, amigo de Chico que sonha em mudar o mundo e dá seus primeiros passos na luta política. Toda a narrativa é desfiada por Raquel e Olga, neta e avó, as descendentes de Isabela que tentam descobrir o que de fato ocorreu naqueles dois anos (1917 e 1918), a partir da leitura de um diário entregue por um anônimo. As duas buscam desvendar as memórias desse passado, o qual criou um enigma de família que envolve o destino de Chico e Isabela em meio aos dias trágicos da epidemia, assolando a vida e os sonhos de toda uma cidade e de muitos corações. O recurso da narrativa em flashback não é absoluto na trama. Em outras palavras, enquanto Raquel e Olga narram livremente (como um típico narrador onisciente) o que leem no diário ao longo dos meses, em alguns momentos os personagens narram, eles próprios, suas lutas e interesses, desejos e desilusões. Por assim dizer, apropriam-se da voz narradora. A neta e a avó tecem uma longa peça a partir de um novelo de muitas pontas, realizando uma espécie de arqueologia dos sonhos das tantas vidas que o diário conta entre apontamentos, cartas, poemas, artigos e notícias de época. A rigor, o diário que narra o passado ao mesmo tempo em que é narrado pelos personagens nas suas interações, não tem nada de “morto” nas suas folhas. Pelo menos foi o que senti, ao concluir o romance. Mas como já escreveram que “elogio em boca própria é vitupério”, fico por aqui nesta observação, a qual, em si mesma, não será ou seria necessariamente elogiosa. O que eu queria dizer é que a vida pulsante nas suas folhas amarelas ganhou expressão na forma do romance, o qual logrou lhe dar nome e personalidade. Se este diário nunca existiu, hoje eu sinto que ele poderia ter existido.Espero que essa vida, pelo olhar apaixonado de Isabela e Francisco, bem como pelos ideais de Gregório, ganhe o coração e a mente de cada um de vocês, meus caros leitores. Se este escriba alcançar isso, fiquem certos que ele ficará feliz. Boa leitura.
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