Livro: "Guia De Estudo Sobre A Filosofia Da Política de John Wyclif"

A ideia central da filosofia política de Wyclif é que o dominium que define a principal relação de Deus com a criação justifica todo o dominiumhumano, seja o domínio de um rei, um senhor civil menor, ou um padre. Mas ao contrário dos predecessores que se contentavam em definir o domínio de Deus como fundamental para a senhoria humana em termos não metafísicos, Wyclif fez uso pronto da sua ontologia realista para argumentar que o dominium de Deus funciona como um universal por causalidade para todos os casos de apenas dominiumhumano. Para os teóricos políticos medievais, esta não era uma prática comum; alguns, como Aquinonas, podem ser argumentados para apresentar sistemas unificados de metafísica, pensamento político e eclesiologia, mas muitos outros, incluindo Ockham, Marsilius de Pádua, João de Paris, e Giles de Roma, não. Se, tal como Ockham ou Giles, tinham posições metafísicas, é impossível argumentar persuasivamente que as suas torções afetaram a sua política. Isto torna notável o pensamento político e eclesiológico de Wyclif, pois é um dos poucos casos em que um distinto metafísico usou a sua ontologia como base para um exame detalhado do arranjo justo da autoridade na Igreja e no Estado. Um corrollário imediato da posição axiomática de Wyclif que todos os dominium humanos derivam de Deus é que nenhuma relação de propriedade privada, que serve de base para todo o domínio humano, são apenas sem graça. Porque, seguindo Agostinho, a propriedade privada é um resultado direto da queda do homem, o estado ideal é de propriedade comum. Uma vez que a Igreja é o estado ideal restabelecido, a graça não prevê a sua propriedade justa de qualquer propriedade. Como Wyclif viu a igreja do século XIV desfrutando da parte do leão da propriedade na Inglaterra, ele argumentou que o rei estava obrigado por Deus a aliviar a igreja da sua propriedade, e a governá-la como um mordomo divinamente nomeado. A substância deste argumento foi realizada por Henrique VIII, e assim Wyclif tem sido associado, ainda que apenas como precursor profético, com a reforma tudor. A forma dos argumentos de Wyclif não é de forma alguma comparável aos argumentos modernos, no entanto, e estão mais diretamente associados a posições franciscanas anteriores, como as de Ockham, do que com a teoria política posterior. Neste ensaio, o termo latino dominium será usado para distinguir a visão teologicamente medieval de Wyclif do seu inglês moderno correlacionar ‘dominion’, que consagra o domínio absoluto.