Livro: "Guia De Estudo Sobre Kant e Hume na Moralidade"

A relação entre Immanuel Kant (1724-1804) e David Hume (1711-1776) é uma fonte de fascínio de longa data. Kant atribuiu a Hume o despertar do seu “sono dogmático”, e descreve a Crítica da Razão Pura, indiscutivelmente a obra mais importante da filosofia moderna, como a solução para o “problema humano na sua maior amplificação possível” (Prol 4:260-61). Grande parte do foco tem sido nas suas respetivas visões em metafísica e epistemologia. No entanto, como refere Thomas Nagel, a filosofia moral contemporânea também “continua a ser dominada pelo desacordo entre estes dois gigantes” (Nagel 2012). Comparar Hume e Kant proporciona, portanto, a oportunidade de clarificar e avaliar duas das abordagens mais influentes da era moderna para os problemas centrais da filosofia moral. Comparar as suas opiniões também ilumina a paisagem do pensamento ético do século XVIII. Embora haja muitos pontos em que a ética de Kant e Hume se opõem mutuamente, existem também ligações importantes entre os dois. Kant partilhou com Hume algumas suposições importantes sobre moralidade, virtude e motivação. De facto, no início da sua carreira tinha-se atraído pelo sentimentalismo de Hume e de outros moralistas britânicos, especialmente Francis Hutcheson (1694-1746), e a influência permaneceu muito depois de ter mudado de ideias sobre o valor da sua abordagem.