Livro: "História Do Japão"

Durante o primeiro ano de seu governo iluminado (1868), o imperador sancionou um edito, cujas duas últimas cláusulas eram as seguintes: O caminho antigo e não civilizado será substituído pelos princípios eternos do universo. O melhor conhecimento deve ser buscado em todo o mundo, a fim de promover o bem-estar imperial. A Restauração de Meiji foi de fato a maior das revoluções que este império da ilha já sofreu. Sua varinha mágica não deixou nada intocado e inalterado. Foi a Restauração que derrubou o Shogunato Tokugawa, que reinou supremo por mais de dois séculos e meio. Foi a Restauração que nos colocou frente a frente com os Ocidentais. Foi a Restauração que puxou os semideuses dos senhores feudais para o nível dos plebeus. Foi a Restauração que privou os samurais de seus feudos e os reduziu a penúria. Foi a Restauração que ensinou as pessoas a construir suas casas de tijolos e pedras e a construir navios e pontes de ferro em vez de madeira. Foi a Restauração que informou que eclipses e cometas não devem ser temidos, e que os terremotos não são causados por um enorme peixe-gato no fundo da terra. Foi a Restauração que ensinou as pessoas a usar o trovão de tambor como mensageiro e a usar a ferrovia em vez do palanquim. Foi a Restauração que pôs a Terra em movimento e provou que não há coelho na lua. Foi a Restauração que concedeu a Sócrates e Aristóteles as cadeiras deixadas vagas por Confúcio e Mêncio. Foi a Restauração que deixou Shakespeare e Goethe tomar o lugar de Bakin e Chikamatsu. Foi a Restauração que privou o povo das espadas e das degolas. Em suma, após a Restauração, houve uma grande mudança. Do Japão antigo, pouco mais precisa ser dito. Sem comércio externo, havia pouca necessidade de comércio interno; os navios eram pequenos; as estradas eram trilhas; a educação era limitada aos samurais, ou classe militar, retentores do daimyo, senhores feudais ; as viagens entre clãs eram limitadas e desencorajadas. A ética confucionista era o padrão moral.