Livro: "Introdução à Metafísica Tomista 10: A Criação"

A criação é a obra de Deus por excelência. Só Deus pode criar. Manifesta o atributo da sua omnipotência ao mais alto grau. Neste aspecto, São Tomás diferenciou-se radicalmente de Aristóteles e aproximou-se de Platão, através de Santo Agostinho. Isto seria motivo suficiente para refutar àqueles que repetem que o Aquinate não fazia filosofia mas sim teologia, reservando o cultivo da primeira apenas ao Estagirita. É o mesmo que dizer: São Tomás limitou-se a copiar o que leu de Aristóteles. Já demonstrámos a falácia desta afirmação, quando estudamos a doutrina tomista do existir (esse) ou a sua preferência pela participação do ser nos entes. Agora, estendemos esta demonstração com a sua doutrina de “creatio ex nihilo”. São Tomás faz teologia natural, que é o cume da metafísica. E delimita claramente o seu âmbito no que diz respeito à teologia revelada. Por conseguinte, as suas afirmações são sustentadas por argumentos generosos em conteúdo e quantidade, como veremos na leitura da “Summa contra os Gentios”. É claro que esta doutrina não surgiu espontaneamente. Assim, para o compreender, é necessário voltar ao pensamento grego, ao pensamento filosófico-bíblico judeu e cristão, bem como ao alvorecer da Escolástica. Isto permitir-nos-á descobrir os fundamentos do pensamento tomista e suas contribuições originais. O presente volume consta de onze capítulos, que são os seguintes: 1-O conceito de criação. 2-Criação em Platão. 3-Criação em Aristóteles. 4-Criação em Fílon de Alexandria. 5-Criação em Plotino. 6-Criação em Santo Agostinho. 7-Criação em Pseudo-Dionísio. 8-Criação em Escoto Erígena. 9-Criação em São Thomas. 10- Criação na “Summa contra os Gentios”.11-Comparação com os outros autores. Finalmente, um Epílogo e notas abundantes. O conceito de criação por Deus merece ser resgatado neste mundo e nesta época, em que o homem, desviado por doutrinas chamativas e extravagantes, acredita-se deus e, como tal, criador da sua própria existência.