Livro: "Luanda & Bahia: identidades e etnicidades em contextos contemporâneos"

Este livro é fruto das parcerias estabelecidas entre professores do programa de pós-graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidades da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia com o grupo de pesquisa Áfricas (UERJ – UFRJ). Ele reúne algumas das pesquisas destes pesquisadores em torno de temas ligados a identidades e etnicidades em Luanda e na Bahia (Salvador e Recôncavo). Além de um debate teórico-metodológico sobre os papeis da antropologia e história nas diferentes criações e representações sobre africanos e afro-brasileiros. O primeiro capítulo trata das relações entre Antropologia e História, em uma parceria de Washington Nascimento e Matheus Serva Pereira. Os autores analisam os processos discursivos criados pelos europeus e suas ciências (notadamente a Antropologia) para a descrição, análise e controle dos “outros” inventariados nos encontros coloniais e a necessidade de construir epistemologias descolonizadas.Em “ ‘Pretos’, ‘do mato’ e elite letrada: os novos assimilados em Luanda (1940 – 1960)”, Washington Nascimento, busca entender as trajetórias de angolanos do interior que utilizaram-se das reduzidas possibilidades de ascensão social criadas pelo estado português e seu estatuto do Indigenato (1926) para constituir-se enquanto uma elite letrada, negra, “nova assimilada” e de origem rural dentro da capital da colônia, Luanda. Nos capítulos seguintes, este mesmo autor, faz um debate sobre as diferentes representações literárias da capital de Angola na primeira metade do século XX, a partir da análise de algumas das obras de Luandino Vieira, Maria Archer e Uanhenga Xitu. Interessa a ele perceber as alteridades produzidas no encontro colonial e as tentativas de criação de uma identidade nacional a partir de Luanda. Os dois últimos capítulos do livro se dedicam a analisar as relações entre identidades e etnicidades em Salvador e no Recôncavo Baiano. Marise de Santana em “Etnicidades ou lutas religiosas: ‘crentes’, ‘católicos’ e ‘macumbeiros’ no Recôncavo baiano”, discute sobre as diferentes dimensões dos conflitos étnicos (e religiosos) no recôncavo baiano, mais propriamente em Candeias e São Francisco do Conde. A autora analisa a presença africana e negra nesta região para depois debater as relações de trânsitos e distâncias entre protestantes, católicos e candomblecistas.Apesar de não ser intencional, o capítulo “Imagens da cidade: fé e festa nos janeiros da cidade da Bahia” de Edson Dias Ferreira acaba por fechar algumas das questões presentes nos diferentes capítulos do livro, a saber a questão das representações e da construção de identidades. De maneira específica Ferreira analisa de que formas a exposição de fotografias “Fé e Festa nos Janeiros da Cidade da Bahia: São Salvador” realizada por ele na Bahia e em São Paulo entre 2002 e 2003 impactou nos olhares sobre a cidade de Salvador e nos pertencimentos dos frequentadores da mostra fotográfica. Por fim, o início. As “Palavras Iniciais” do livro foram dadas por Josildeth Gomes Consorte professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Josi como é carinhosamente chamada foi fundamental para a formação de três dos autores do livro de quem foi orientadora em diferentes estágios: mestrado, doutorado e pós-doutorado. A ela é dedicado este livro.