Livro: "Meu Avô, Pedro Aurélio de Góes Monteiro"

No ano de 1955, Pedro Aurélio de Góes Monteiro, meu avô, ditou suas memórias ao jor-nalista Lourival Coutinho, que as reuniu, junto com os seus comentários, em um livro de 546 páginas intitulado O General Góes Depõe. Na apresentação do livro, Coutinho explica o motivo que o levou a procurar o meu avô e a tomar o seu depoimento: conta ele que, em certa ocasião, em conversa com o general Pantaleão Pessoa, havia feito severas críticas ao meu avô, tendo o seu interlocutor respondido que ele estava cometendo grave injustiça contra um militar “que havia dado os melhores anos de sua vida à felicidade da Pátria, sem quaisquer outras recompensas senão aquelas impostas por seus méritos profissionais.” Na tentativa de fazê-lo mudar de opinião, o general Pessoa levou-o à casa do meu avô para uma conversa, que acabou se desdobrando em uma série de entrevistas, que, por sua vez, deram ensejo à publicação do livro citado.
Nessas entrevistas, meu avô abordou a significativa participação que teve nos principais acontecimentos políticos ocorridos no país no período de 1920 a 1955, dentre o quais in-cluem-se as Revoltas “Tenentistas” de 1920 e 1924, a perseguição à Coluna Prestes, a Re-volução de 30, o Primeiro Governo Vargas, a Revolução Paulista de 1932, a Constituinte de 1934, o Estado Novo, a Ditadura Vargas, a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a Deposição de Getúlio Vargas, o Governo Dutra e o Segundo Governo Vargas. Ao final da apresentação, Lourival Coutinho conclui: “Hoje, ante este seu depoimento para a Nação e para a História, condensado neste volume, não me resta outra alternativa senão a de modificar o juízo injusto e sem ressalvas que fazia do general Góes Monteiro. Acredito que outros, como eu, serão tentados também a rever sua opinião, em face de ver-dades que só agora vão conhecer.”Hoje em dia, entretanto, passados quase setenta anos, eu, seu neto, constato que o juízo que dele fazia o jornalista Lourival Coutinho antes de escrever o livro continua a prevale-cer entre os historiadores e comentaristas que escrevem sobre os acontecimentos políticos e militares daquela época – o que me leva a crer que muitos deles ou desconhecem o livro (a edição encontra-se esgotada há muitos anos) ou, então, não o leram em sua totalidade, o que não é de admirar-se, pois trata-se de um compêndio volumoso e cheio de detalhes. Esse é o principal motivo pelo qual me propus a resumir, nesta pequena obra, os momen-tos mais importantes da vida do meu avô, principalmente aqueles que trazem luz sobre as suas ideias ou em que transparece o seu caráter de homem público, baseando-me princi-palmente nas suas memórias, tais como registradas no livro O General Góes Depõe.