SINOPSE:
Humberto Henriques volta a enfrentar a hospitalidade e o gosto amoroso pelo Mato Grasso, o do Norte. Trata-se de um romance ambientado nas alturas de Poxoréo, num tempo que deve girar em torno dos idos tempos da Revolução de 64, embora em momento algum o autor chegue a mencionar esse tipo de situação. O que ocorre é a inteligente demonstração de um mundo arquetípico, totalmente diferenciado e que não poderia ser encontrado em nenhum lugar do mundo que não fosse no gigantesco Brasil. Aqui tudo parece ser real e a evidência dessa realidade faz do livro um enorme compêndio de geografia e de história, embora também isso não seja nada de primordial na intenção do autor. Esse é um livro de ficção na mais pura ordem desse Universo assombroso. A ficção encontra meios e nunca dispensa os fins. Por isso, a imensa revolução sistemática a cada página e em torno de uma historieta aparentemente banal. Nesse livro, Henriques começa com o estertor do texto. Como se fosse a história contada de trás para diante ou houvesse aqui a inserção de muitos compêndios em um apenas. Essa inversão de valores dentro do entrecho não desvaloriza o livro como um todo, muito pelo contrário. Esse tipo de ação é proposital e tem como finalidade trazer à tona a história em si e ela não é nada quando comparada à evolução temporal e espiritual que as personagens experimentam ao longo da existência. O apelo máximo da novela em causa acaba mesmo sendo o evento macabro que dá arquitetura ao livro. Um crime perpetrado dentro da família da personagem que narra em primeira pessoa do singular e que, a se pensar direito, é deveras um acontecimento tenebroso. Entretanto, é apenas mais um crime. O que quer dizer o entrecho, o que se depreende dele, é que isso é contumaz dento desse universo passional e isso não vai ser mudado ao longo dos tempos que passam. Evidentemente, a impunidade não é o fator fundamental a ser considerado aqui. Isso é até irrelevante também. O que fica muito mais sólido é a permanência da personagem jovem que vai entender muitos anos depois que todos os legados são apenas facetas de um mundo que pode ser observado de várias dimensões diferentes. Assim é o modo de ser dos caleidoscópios. Portanto, a inversão dos valores, estando o ápice desse movimento novelesco antecipado, libera todo o restante da imagem e da imaginação como recurso próprio de entendimento self. Com isso, a personagem “dona” dos tios Bermadeu e Condinete se vê livre e solta para arcar com os próprios argumentos e traumas. Ocorre que o fundamento do entrecho é mesmo esse assassinato que ocorre de forma passional e estranha ali pelos meados do livro. Quando o narrador mete a sua vida inteira no meio desse furdunço, a tragédia deixa de existir porque, fica claro e lógico, que o pensamento prepondera sobre a ação primária ou primitiva. Dessa forma, o livro afronta a mudança dos rumos e a evolução do homem dentro de seus princípios mais básicos. A todo momento é demonstrado que o ontem continua sendo o mesmo momento de agora e de amanhã, muito embora nada disso seja o mesmo. A questão do absurdo e dos paradoxos surge do ponto de vista do estudo introspectivo dessas personagens de viva carne e condição psicológica desafiadora. É por isso, por essa razão, que pode ser encontrado aqui mais de dois volumes num único livro. A intersecção proposta pela história é bastante lógica para qualquer leitor experimentado. Sendo assim, os bastidores dessa novela acabam sendo uma espécie de material solúvel ou mesmo de um caldo de cultura a partir do qual tudo que ´humano acaba sendo dissolvido ou pululando. Por ser descrição em primeira pessoa do singular, o livro nos leva a um entendimento muito sincero com as personagens. Isso prende e se faz notório em demasia. Esse tipo de delação juvenil que cabe à personagem que se desvenda e se redime dentro do texto, por ser muito veraz, acaba transportando uma grave simpatia ao leitor. Isso não é difícil de ser observado á medida que se tange
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