SINOPSE:
Baseado na dissertação de mestrado do professor e pesquisador Percival Tirapeli, o livro Arquitetura e Urbanismo no Vale do Paraíba: do colonial ao eclético, de sua autoria, é referência para o estudo da arquitetura sacra vale-paraibana. Ilustrada com fotografias e desenhos do autor, a obra, uma coedição das Edições Sesc São Paulo e Editora Unesp, justifica-se pelo conteúdo e relevância do conjunto arquitetônico e artístico remanescente da região. O Vale do Paraíba estende-se ao longo da bacia do Rio Paraíba do Sul, entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, se desenvolveu a partir do ciclo do café (1830-1930) e manteve importância econômica relevante com o subsequente processo de industrialização. Diferentemente dos estudos em geral sobre as fazendas de café da região, a obra enfatiza a arte sacra que tanto caracteriza o Vale – também conhecido como Vale da Fé -, a qual floresceu ao lado das inúmeras manifestações religiosas características da região. O livro resgata a gênese das vilas vale-paraibanas ao redor das pequenas capelas desenhadas pelo pintor Thomas Ender (1817) e o incipiente traçado do urbanismo nas anotações de Julien Pallière (1821) e aquarelas de Jean-Baptiste Debret anos depois. No período imperial as fazendas se avolumaram e as cidades ganharam palacetes dos fazendeiros brasonados pelo imperador; as igrejas foram reformadas e ampliadas ao gosto eclético, os cientistas viajantes, como Saint-Hilaire e Emilio Zaluar, registraramas vilas, os ofícios, ruas e construções. Distante das leituras de especialistas que dirigem um único olhar às construções, o autor, por sua formação artística e capacidade para análises mais amplas, em termos urbanísticos, técnicos, arquitetônicos e ornamentais, observa no monumento a projeção de tempos que se sobrepõem aos gostos estilísticos. Embora não levem a assinatura de arquitetos renomados, as igrejas do Vale do Paraíba ganharam importância arquitetônica com o passar do tempo. Foram ampliadas, suas torres adquiriram altitude e as fachadas atingiram ares monumentais. Na segunda metade do século XIX, com a chegada da estrada de ferro, dos imigrantes italianos e com a libertação paulatina dos escravos, emergiram novas ideias de usufrutos da riqueza: o urbanismo animou-se com a inserção das estações férreas, enquanto a construção de palacetes aposentou as antigas técnicas coloniais da taipa de pilão e aderiu à alvenaria, aos alicerces em pedra e frisos embelezadores executados pelas hábeis mãos dos imigrantes. Com a libertação da Igreja do poder temporal do imperador, novos ideais religiosos impulsionaram a construção com tendências neogóticas, românicas e italianizadas trazidas pelas novas congregações de padres da Europa do Norte. Assim, o Vale do Paraíba ostenta em seu precioso acervo artístico e arquitetônico um rico diálogo entre a lembrança do passado e a vitalidade do presente, aspectos bem retratados neste livro.
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