Livro: "Na casa de meu pai: A África na filosofia da cultura"

SINOPSE:

Nascido em Gana em 1954, Kwame Anthony Akroma-Ampim Kusi Appiah doutorou-se em filosofia pela Universidade de Cambridge em 1982. Construiu desde então impressionante carreira acadêmica, lecionando nas universidades de Yale, Cornell e Duke, antes de assumir sua posição atual, como titular de estudos afro-americanos e de filosofia na Universidade Harvard. Publicou centenas de artigos em revistas especializadas e 22 livros, entre os quais “Color Conscious: The Political Morality of Race”, “Necessary Questions: An Introduction to Philosophy, for Truth in Semantics” e “A Dictionary of Global Literacy”.
“Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura”, considerado o seu livro mais importante, recebeu os prêmios Annisfield-Wolf, Herskovits e James Russell. O livro impressiona pela curiosa mistura de aspectos autobiográficos, pois a condição africana do autor está sempre presente, e o altíssimo nível de erudição. É um texto raro, tanto pelo caráter interdisciplinar (pois incursiona pela biologia, filosofia, crítica e teoria literárias, sociologia, antropologia e história) quanto pelo aspecto intercultural (pois discute ideias africanas, norte-americanas e europeias).
Os capítulos podem ser divididos em quatro grupos, cada um deles com uma preocupação central. No primeiro, Kwame Appiah submete a uma crítica impiedosa a ideia de que existam raças humanas, fortemente presente tanto no pensamento europeu e norte-americano moderno, quanto nas origens do pan-africanismo. No segundo, mostra como a tentativa de construir uma identidade africana levou a minimizar-se a enorme diversidade cultural do continente e a esconder-se a profunda influência que os intelectuais negros engajados nesse movimento receberam das ideias dominantes na Europa e nas Américas. Seguem-se dois capítulos motivados por uma preocupação essencialmente filosófica com as questões da razão e da modernidade, em que Appiah, tratando da modernização da África, faz uma brilhante análise crítica de algumas posições adotadas por Max Weber. O último grupo de capítulos levanta questões mais diretamente políticas, mas converge para a discussão teórica, fundamental no mundo contemporâneo, da construção de identidades raciais, étnicas, nacionais e supranacionais.
“Na casa de meu pai” faz jus aos prêmios que conquistou e nos mostra um intelectual erudito e maduro, publicado pela primeira vez em língua portuguesa.
César Benjamin

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