Livro: "O LAMENTO DE ISIS: THE BURDEN OF ISIS"

De todas as crenças religiosas egípcias que existiram desde o período pré-histórico até os tempos romanos, a mais antiga e a mais sustentada na veneração era aquela relacionada com a adoração de Osíris, Ísis e Hórus. Esses três, embora primordialmente apenas deuses locais, se tornaram divindades proeminentes de todo o Egito, e o culto a ísis, mais particularmente, permaneceu sempre como favorito, rivalizando até com o de Osíris em tempos posteriores.
Durante os muitos milhares de anos da história egípcia, não só ocorreram muitas mudanças nas cerimônias relacionadas com esses cultos, mas também as lendas e a origem da fé de Osíris receberam muitos acréscimos e interpolações, e assim a velha fé perdeu muito de sua pureza. A forma mais simples na qual nos é preservada afirma que Osíris era filho de Seb e Nut (Terra e Céu), dos quais nasceram também Ísis, Nephthys e Set, ou Sutekh, como ele também é chamado, Osíris se casou com sua irmã Ísis, enquanto Set escolheu Nephthys. É provavelmente devido a essa característica da lenda que os faraós muitas vezes se casam com suas irmãs e ocasionalmente também com suas filhas. Osíris foi o primeiro governante divino do Egito. De onde ele veio não é contado, mas quando ele veio para aquele país, ele o encontrou afundado na barbárie e na ignorância, sem lei senão de força, e pobreza em todo lugar. Ele passou pela terra resolvendo brigas, organizando o governo, ensinando maneiras educadas e costumes, ditando leis e civilizando as pessoas.
Set, seu irmão, ficou com ciúmes do renome de Osíris, e odiava-o por causa do bem que ele tinha feito, e decidiu destruí-lo. Assistido pelos espíritos malignos, ou demônios (os “inimigos” ou “inimigos” dos cantos), Set construiu uma grande urna exatamente do tamanho e forma do corpo de seu irmão Osíris, e em uma festa dada por este último, ele ofereceu-se para apresentar-la, a qual estava ricamente adornado, àquele cujo corpo melhor se ajustava. Ninguém foi bem-sucedido até que Osíris entrou no baú, quando Set o fechou e, com a ajuda dos espíritos malignos, o levou do salão de banquetes e o lançou no Nilo. Então Ísis fugiu para o Delta, levando com seu Hórus, seu filho, a quem ela deixou para ser cuidada em Buto, de acordo com algumas lendas, outros dizem que ele ficou com Tehuti, ou Thoth, deus da aprendizagem. Ísis então pegou um barco e revistou o Nilo em busca do corpo de seu marido, que ela finalmente encontrou no Delta. Antes que pudesse ser enterrado, no entanto, foi roubado por Set, que então dividiu o corpo em quatorze porções e espalhou-as por todo o Egito. De novo, a enlutada Ísis iniciou uma busca pelos pedaços do corpo do marido e encontrou treze, a décima quarta peça, o falo, ela não conseguiu encontrar, tendo sido comido pelos peixes.
Onde quer que um fragmento do corpo de Osíris fosse encontrado, um templo estava lá erigido em sua memória, e como a cabeça (ou de acordo com algumas autoridades, o coração) foi encontrada em Abidos, aquela cidade era considerada especialmente sagrada, e era centro de sua adoração.
Hórus, filho de Osíris e Ísis, vingou a morte de seu pai ao matar Set, enquanto Osíris, milagrosamente ressuscitado por Hórus nas regiões dos mortos, governava o submundo e seus habitantes.Tal, resumidamente, é a lenda de Osíris. Mas o culto nunca poderia ter se tornado nacional em caráter sem mudar de muitas maneiras. Cada cidade e cidade de qualquer destaque no Egito tinha sua própria divindade local especial, que recebia adoração especial, mesmo enquanto outras divindades eram admitidas a existir, embora consideradas subordinadas a ele: e em uma data anterior o sacerdócio de Osíris começou a identificar sistematicamente a principais características desses vários deuses locais com os de Osíris.