Livro: "O Misterio da Inveja : Uma Teoria Sobre a Inveja que a Humanidade Construiu"

O insight que aqui vou expor é, segundo dizem, uma brilhante e revolucionaria descoberta sobre a inveja. Tal insight me ocorreu em 2012. Percebi a existência de uma inveja que ao invés de ser um problema genético construído pela natureza, é um problema social construído pelo convívio coletivo; ou melhor, percebi a existência de uma inveja que é provocada por uma força social exterior ao homem, e não por uma força biológica inerente ao homem. Após matar tal charada, fiz consultas nos acervos da USP, da PUC e da Internet para saber se alguém no mundo já havia percebido o interessante fenômeno que eu acabara de perceber. Ninguém jamais havia pensado e explicado a inveja como fato social; ou melhor, ninguém jamais havia apresentado uma teoria harmônica e completa explicando a inveja como construção social, e explicando como a humanidade teria construído tal inveja. O estudo mais erudito, científico e completo que se tinha a respeito era o de um famoso professor universitário brasileiro conhecido como ‘Doutor Leandro Karnal’. Tal estudo era apresentado no décimo ano da CPFL Cultura, no programa Café Filosófico, no módulo Sete Prazeres Capitais, em 2 horas, 12 minutos e 33 segundos, e seu título era: O pecado envergonhado, a inveja e a tristeza sobre a felicidade alheia. Esse minucioso estudo/levantamento feito e apresentado pelo Karnal confirma que até então (até achegada dessa minha teoria) não se percebe a existência de uma inveja que é construída e mantida pela cultura, pelo sistema de tradições, pelo pacto social abstrato. Ao entrar, pois, em contato com o referido estudo do referido Doutor, notei logo de cara que por ignorar por completo o modo de funcionamento da força social causadora da inveja, tal trabalho apresentava diversas ambagens, contradições, lacunas e equívocos bastante evidentes. Errava-se ao dizer, por exemplo, que a inveja é mais intensa e mais freqüente entre pessoas iguais (mulher/mulher, negro/negro etc); que a inveja é problema psicológico com origem em um determinado trauma de infância, que a criança morde o seio da mãe porque a criança tem inveja contra a própria mãe, que eu invejo porque o que importa é que eu sempre tenha mais, que é por vergonha que as pessoas negam ser invejosas, que a inveja é a incapacidade de ficar feliz com a felicidade dos outros, que invejamos por que queremos ter o oposto daquilo que já temos, que a inveja decorre de defeito genético, que a inveja se deve a falta de auto-conhecimento, que a inveja se deve a incapacidade que o invejoso tem de reconhecer sua própria inferioridade etc, etc. De acordo com o que eu acabara de perceber/descobrir, tudo isso era obviamente equivocado. Até porque, há centenas de pessoas que não apenas se consideram superiores ao invejado, mas que têm, de fato, melhor condição financeira, melhor saúde, melhor estabilidade emocional, melhor tudo – em comparação com o invejado, e ainda assim (mesmo sendo comparativamente superiores), sentem o referido incômodo em relação a alegria do sujeito ‘inferior’. Ou seja, a inveja, em geral, não tem nada a ver com a tal incapacidade que o invejoso teria de reconhecer sua própria inferioridade. Olhando, pois, mais para dentro e comparando a minha descoberta com a concepção que se tinha até então sobre a inveja, me ficava claríssimo que aquilo que se dizia não coadunava, não correspondia, não explicava aquilo que de fato acontece nas situações de inveja. Ou seja, eu percebi que as situações concernentes a inveja ficam mais sensata e harmonicamente explicadas a partir do momento em que se percebe a existência e a ação de uma inveja que é socialmente construída. Sem essa percepção, que é trazida pelo presente trabalho, errava-se bastante. Errava-se, por exemplo, ao dizer que a inveja decorre de comparação entre invejoso e invejado (pois em inúmeros casos o invejoso jamais se compararia ao invejado); e assim por diante.