Livro: "O modelo de negócios Facebook -Instant Articles no financiamento do jornalismo online no Brasil"

Quando o Facebook lançou os Instant Articles (IA) houve quem dissesse que seriam a alternativa para todas as angústias do jornalismo tradicional, uma vez que crise gerada pela perda de espaço para as redes sociais ampliava o número de veículos fechados, edições impressas encerradas e demissões de profissionais. A realidade mostra que isso não ocorreu. Mas a crise enfrentada pela indústria jornalística e, também, por uma indústria de notícias ainda disforme, mas potencialmente poderosa, não pode prescindir de todas as alternativas capazes de recuperar a rentabilidade do setor e consolidar o acesso de uma camada do público que jamais “chegou” até os jornais impressos, saltando do “boca a boca” para os rádios e telejornais e, mais tarde, rapidamente para as redes sociais. O presente estudo, aqui apresentado na forma de livro, integra o projeto “O modelo de negócios Facebook -Instant Articles no financiamento do jornalismo online no Brasil”, aprovado pelo Edital Universal CNPq/2016/2020, que tinha por objetivo realizar um mapeamento e a avaliação da implantação dos Instant Articles, modalidade de publicação desenvolvida pelo Facebook. A iniciativa decorre da necessidade de acompanhar as mudanças que vêm ocorrendo nos modelos de negócios das empresas jornalísticas. O modelo de negócios aqui denominado Facebook-Instant Articles, implantado em 2015 (no Brasil em 2016) propunha uma reorganização no financiamento da indústria jornalística, em especial no que diz respeito ao jornalismo online. Como parte de suas estratégias de ampliação do segmento de notícias, o Facebook lançou os Instant Articles, funcionalidade que permite acelerar o tempo de carregamento das notícias em dispositivos móveis, estabelecendo uma nova lógica para as publicações online, num movimento que vai, aos poucos, das plataformas fechadas, proprietárias, para as plataformas abertas. Nesta obra apresentarei um panorama das principais funcionalidades dos IA, os problemas e os desdobramentos de seu processo de implantação para a indústria jornalística, bem como um breve estudo acerca de seu emprego pelo The New York Times e pelo próprio Facebook.O detalhamento da performance dos 12 veículos será publicado após o final da pesquisa, que acontecerá em maio de 2020. A estrutura do livro divide-se em três blocos: modelos de negócios, o modelo Facebook Instant Articles e, finalmente, mediamorfose e engajamento. Inicialmente são apresentados os principais modelos de negócios utilizados no jornalismo online: a teoria da “cauda longa”, os sistemas de paywall e o financiamento coletivo (crowdfunding). O segundo bloco apresenta o contexto de surgimento dos IA, as principais crises da indústria jornalística e um estudo de caso sobre o The New York Times, apontando as razões para a adoção dos Instant Articles, seus desdobramentos e as causas que levaram a seu abandono. Estudou-se, ainda, em que medida os IA se aproximam da estrutura do marketing digital, num formato híbrido entre notícia e divulgação.A terceira parte apresenta a demanda por velocidade, de um lado, e a crise com conexões lentas ou instáveis, por outro, o que, de certo modo, contribuiu para o surgimento dos IA, que buscavam ter um carregamento dez vezes mais rápidos do que os demais artigos da web e funcionar bem em redes 2G e 3G. Fundamenta-se, ainda, na expansão do jornalismo nas redes sociais e na preocupação com o engajamento, métricas e fórmulas de cálculo. Esse momento de transição vincula-se ao que Fidler (1997) chamou de mediamorfose, fenômeno que, segundo o autor, obriga a mídia a um constante processo de revisão.