Livro: "o peixe voador e o colibri"

Esse livro é primeiro e único com temática juvenil que o Humberto Henriques publicou. E escreveu, pelo menos até hoje. Alguns livros chamados de infantis que o escritor publicou, poemas mais completos e que podem ser aproveitados por crianças e por adultos, esses sim, já se imbricam e se entrosam na sua Literatura convencional. Henriques costuma dizer que não faz esta distinção entre idades e fases para seus leitores. Aqui nesse livro, entretanto, não se furta a esse movimento de divisão. O Peixe-Voador e o Colibri, é de fato, um livro escrito para um público especifico, desde que o leitor esteja habituado a ler romances cuja densidade é sempre um desafio. Nesse livro, Henriques procura tratar a alma de dois irmãos de uma maneira inequívoca. O mais jovem deles, o que protagoniza quase todo o romance – senão, seu movimento integral e fisiológico -, na verdade, é aquela personagem que dá todo o colorido e o ambiente juvenil ao texto. É ele que está em transição e enfrenta as interrogações da existência. O irmão mais velho e que convive em mesma casa, esse já tem as suas participações e seus palpites todos instalados. Embora não seja um adulto com todos os elementos convencionais, aqueles pueris e que a natureza e a sociedade exigem como prova de libertação dos tempos da adolescência, o irmão mais velho é aquele padrão sistemático que faz o parâmetro entre as partes. Nesse jogo de compreensão de tudo, dessa busca de alforria e de manutenção de uma inteligência corporativa diante de tudo que é fato acontecido, o mais jovem leva a desvantagem de ser preterido pelas garotas que ciclam em torno dos dois. É evidente que perderia para aquele que mais apto está para ser o tal macho Alfa. Alguma coisa nesse sentido. Porém, há nele a vantagem de poder se exercitar dentro de um aprendizado imediato, porquanto seja longo o tempo em que vai se manter nessa crista de onda, com isso, tudo pode conspirar a seu favor. De uma maneira que poderia acontecer em qualquer família, entre irmãos que se prezam e sabem viver em harmonia, essa história é banal e ao mesmo tempo traz a grandeza da sensibilidade do autor, que acaba por transformar tudo num grande arsenal de curiosidade. Então, abre-se o mundo ao leitor. Não se trata de um embate entre irmãos, pura e simplesmente. Esse romance de Humberto Henriques, embora seja alicerçado nesse propósito de embalar uma temática juvenil, pode muito bem ser lido por interessados de toda e qualquer idade. Não é, portanto, um texto restritivo ou sugestivo de restrição. Entretanto, é livro pensado de forma rara e conta a história de um garoto nos tempos em que adolesce e começa a perceber as belezas e nuances de uma figura feminina. Isso costuma ser emblemática e poderoso demais em vida dos garotos, quando todos estão ase manifestar de uma maneira nada firme ou definida. Pois que, é natural que seja assim. Os odores das garotas e aquela imensa satisfação de se pensar numa face como protagonista de beleza, tudo ajuntado transmite ao personagem a dimensão de que a vida é deveras uma maravilha que vale a pena. Diante disso, o interesse se desdobra e a busca permanece como um fator determinante de identidade. E nada numa vida assim, que se descobre e sempre se redescobre, pode ser mais imponente que a mirada de uma garota bonita e fascinante. Por ser caçula e viver em família convencional, o mais jovem tem no irmão primogênito o espelho para algumas de suas ações. Ele precisa desses termos para se entender com os fatos. Apesar disso, está sempre em um plano inferior ao do mais velho quando se trata de pormenorizar as preferências femininas. É isso que move boa parte do romance e compõe a grandeza do texto. Esse romance trata a história assim proposta sem medo e sem qualquer tipo de preconceito. Diante disso, o texto é espontâneo e não ajunta subterfúgios de qualquer qualidade. Há uma divisão sucinta e muito tênue entre a vida infantil, norteado pelas atividades lúdicas, e aquela sugerida pela eclosão de