Livro: "O Poeta Dos Escravos"

SINOPSE:

“Eu realmente não sei se deveria ter merecido que algum dia um louro fosse colocado em meu esquife. Poesia, por maior que seja seu amor por ela, sempre foi para mim apenas um meio consagrado a um fim sagrado… Nunca dei muito valor à fama de meus poemas, e pouco me preocupa se eles são elogiados ou censurados. Deveria ser uma espada que você colocaria em meu túmulo, pois fui um bravo soldado na guerra de libertação da humanidade.” – Heine, prefaciando A Cachoeira de Paulo Afonso. Esta também é uma descrição de Castro Alves. Ele não é apenas o poeta dos escravos; para muitos, ele é o poeta da nação e também um poeta da humanidade. Na última quinzena do mês de fevereiro de 1868, duas cartas admiráveis foram trocadas por uma dupla de homens notáveis, nas quais ambos discerniram a fama nascente de um poeta de vinte anos. Os dois notáveis foram José de Alencar, romancista chefe da escola indianista, e Joaquim Maria Machado de Assis, ainda não no auge da carreira. O verdadeiro “descobridor” do poeta Castro Alves foi o primeiro desses dois autores, que o mandou da Tijuca para Machado de Assis, no Rio de Janeiro. Em sua carta de 18 de fevereiro, José de Alencar escreveu: “Ontem recebi a visita de um poeta. O Rio de Janeiro ainda não o conhece; daqui a pouco todo o Brasil o conhecerá. Entende-se, claro, que falo daquele Brasil que sente; com o coração e não com o resto.” Quando Castro Alves preparou Espumas Flutuantes para publicação já sentia a mão da morte sobre si. No curto prefácio que escreveu para o livro – num estilo que é poesia, embora escrito em prosa – comparou os seus versos à espuma flutuante do oceano, de onde vem o título do livro. “Ó espíritos vagando sobre a terra! Ó velas voando sobre o mar! … Você sabe muito bem como é efêmero … passageiros engolidos no espaço escuro ou no esquecimento escuro. … E quando – atores do infinito – vocês desaparecem nas asas do abismo, o que resta de vocês? … Um rastro de espuma … flores perdidas em meio à vasta indiferença do oceano. – Um punhado de versos … espuma flutuando sobre o fundo selvagem da vida! …” Esse clima, essa linguagem, esse olhar, são mais da metade do jovem que foi Castro Alves. Ele cantou, em acordes agradáveis, de amor e saudade, ele açoitou a consciência da nação com poemas, cada linha dos quais era um chicote; alguns de seus versos sobem como um incenso pungente dos altares onde o fogo da liberdade permanecia aceso; ele era uma alma jovem, responsável por todos os impulsos nobres.

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