Nos movimentos trovadorescos medievais, não raras vezes encontramos a figura do rei-trovador – um tipo de monarca que, para além de comandar um reino e uma corte sofisticada que inclui o trovadorismo como uma prática cultural, é ele mesmo um trovador. Em Portugal e Castela medievais, temos nos reis Dom Dinos e Dom Afonso X dois exemplos dos mais conhecidos de reis-trovadores. Este livro examina como os reis trovadores ibéricos lidaram, poeticamente, com a questão da demarcação social – estabelecendo limites e demarcações tanto no interior da nobreza como das camadas sociais não-aristocráticas. Os reis-trovadores aqui emergem como artistas satíricos habilidosos, e suas cantigas mostram-se como retratos de tensões sociais diversas, das hierarquias que atravessam as sociedades por eles governadas, do confronto entre projetos políticos divergentes, e de inúmeras outras questões socio-culturais importantes.
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