Cidade de Lyon, França, ano de 1754, a capa branca cobria a túnica, também branca, do Mestre Martinez Pasqually, a máscara vermelha, juntamente com o cordão branco, completavam a indumentária, e, ainda, a estola branca que trazia o signo escrito em ouro, o emblema da formação do universo, um triângulo que sobe, outro que desce, laureado por um círculo e a cruz de tau em seu centro, indicando que ali estava o homem; o Mestre deposita a espada no altar e caminha em linha reta até o centro do templo, se posta em frente ao shekinah triangular, acende as três velas, a luminária do mundo terrestre, acende o incenso e olha para o alto e com os três dedos principais da sua mão direita escreve no invisível o símbolo do qual evocará os deuses onde vivem no mundo da esfera solar. Assim iniciava-se o cerimonial templário do rito maçônico Elus Cohen do qual foi elaborado liturgicamente pelo Grão-Mestre Martinez de Pasqually; mas a história deste rito nasce bem antes, através de escritos herdados e legados para a posteridade por altos iniciados nas ordens filosóficas, tais como: Henri Kunrath, Séthou, Cornélius Agripa, Christian Rosenkreutz, Jacob Boehme, Robert Fludd, Francis Bacon, Jesus, Moisés, João Batista, Salomão, Zorobabel, dentre outros. Martinez de Pasqually foi apenas o portador do fogo sagrado, nada foi criado por ele, apenas o Mestre foi o reformador de um rito que jazia latente inerte na humanidade havia mais de três mil anos. Caminhando junto com os Illuminatis da Ordem Rosacruz, os Elus Cohen, que em bom português quer dizer “sacerdotes eleitos”, eram guardiães da verdade oculta, disseminada entre mestres e aprendizes, de boca a ouvido e vice-versa, disciplina está exposta há muito poucos, apenas aos que com paciência e persistência faziam honra a ser submetidos à apreciação dos seus instrutores. O silêncio era antes guardado a título de ser um recipiente hermeticamente fechado, na idade média, tal silêncio passou a ser defesa pessoal para que tais filósofos anônimos não findassem na fogueira da inquisição; a luta entre a luz e as trevas, a ignorância e a sabedoria, vão além de conter a explanação do próprio verbo divino, pois as trevas operam suas energias pela força negativa, enquanto a luz opera sua força homeopaticamente, caso contrário, cegaria diante sua descarga energética. A maçonaria como se conhece atualmente foi iniciada na França em 1717, logo após a sua popularidade, diversos ritos foram idealizados, e um dos motivos para isto, era a adequação dos estudos filosóficos despostos nos átrios inerentes aos costumes locais de determinados países aonde a ordem se instalava; nada mais plausível. Entretanto, nenhum outro rito se tornou tão famoso e tão imitado quanto o Elus Cohen, foi este que arregimentou mais discípulos famosos e foi o que mais guardou em sigilo a sua alta ciência. “os elus cohen, vinda de uma obediência maçônica que nunca exatamente se passou por mística, e que mais tarde removeu de seus rituais a invocação ao Grande Arquiteto do Universo, e oscilou insensivelmente da filosofia para a simples política, tem um valor particular ”. “Não se pode negar que a Ordem dos Elus Cohens constituia-se de um grupo de homens animados pela mais alta espiritualidade ”. Contudo, foi o historiador Le Forestier que publicou em sua época a melhor definição da ordem elus cohen: “tem a ordem o caráter altruísta e é uma fraternidade desinteressada, mais ocultista e mística do que maçônica, no sentido geral da palavra”. Diante de tanto alarde e investigação por parte dos curiosos, nenhum rito maçônico ostentou tanta fama que o “martinezismo”, jargão popular originário do nome de seu Grão-Mestre, Martinez. Um homem estranho, silencioso, muito pouco se sabe sobre JACQUES DE LIVRON DE LA TOUR DE LA CASE MARTINES DE PASCALLY, o que se sabe que ele era casado com demoiselle Marguerite-Angèlique de Collas – sobrinha de um major do regimento de Foix, e que era católico, conforme o registro de seu catecismo, datado…
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