Livro: "Os Monoteísmos e a Violência: Vol. I"

A proposta da obra é oferecer referências não só válidas, mas também reflexivas a respeito do papel das três religiões monoteístas que reúnem um grande número de fiéis: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. Como cada uma delas defende que apenas seu deus é único e que apenas ele é a fonte de toda a verdade, sempre houve conflito com aqueles que sustentam uma visão contrária.
A bíblia cristã, a Torá e o Alcorão são tidos como livros sagrados rígidos que apresentam uma natureza condenatória, exibindo passagens violentas que se tomadas literalmente e aplicadas diretamente levam ao ódio, à violência explícita e ao terror. Os três monoteísmos também costumam ser considerados responsáveis pela violência nacionalista porque suas reivindicações exclusivistas podem levar à negação e rejeição dos que não tem a mesma fé religiosa. Mas ao se aliarem à política, essas tradições religiosas se tornaram ainda mais agressivas tanto com os inimigos internos quanto com os infiéis externos, promovendo conflitos que em alguns casos resultaram em guerras. Na realidade, os monoteístas sempre buscaram excluir do seu círculo de influência qualquer pessoa que não compartilhasse a sua crença, indo ao extremo de tirar a vida de qualquer um que não reconhecesse o seu deus.
Através de frases curtas, citações e perguntas que promovem a reflexão, o leitor é levado a ponderar sobre o que é bom para todos, empregando aquilo que lhe é inerente: a razão. Em várias páginas podem ser encontrados três símbolos de interrogação (???), indicando que se está diante de um questionamento apesar de ser uma afirmação, pois o que se quer é a ponderação.
O livro adota um enfoque cético mas que é racional e positivo, que além de procurar manter a mente aberta, parte da premissa de que fazer o bem aos seres vivos, não lhes fazer o mal e não lhes prejudicar, depende também de não promovermos a dúvida e a incredulidade irracionais com propósitos gananciosos. Afinal, respeitar a dignidade do outro também é prezar a sua inteligência.
São propostas inúmeras questões, por exemplo:
– O Deus abraâmico é retratado como sendo onipotente (possuindo poder infinito), onisciente (possuindo conhecimento infinito), onipresente (presente em todos os lugares), imaterial (sem forma corporal) e eterno, o que significa que ele nunca morre. Isso levanta a questão: por que esse Deus deveria se preocupar com o sacrifício de animais, a sexualidade de seus devotos e a conversão dos não devotos quando têm qualidades tão superlativas?
– Há uma relação direta entre os monoteísmos e violência. A bíblia mostra claramente que o avanço do monoteísmo está associado à violência. A história da vitória do monoteísmo é uma história de extrema violência que se baseia numa sangrenta série de massacres, na qual há um Deus que além de mostrar-se irado por vários motivos, também é ciumento e vingativo. Adeptos das tradições monoteístas defendem seu Deus, dizem que os atos de violência divina se devem às inúmeras fraquezas morais dos seres humanos, estes seriam limitados, contingentes e incapazes de viver vitoriosamente com os seus talentos e esforços.
– Nem a paz nem o amor podem surgir de uma história que está carregada de injúrias, difamações, intolerâncias, discriminações, lesões, mutilações, abusos, massacres, extermínios, saques e estupros. Não se combate a violência com violência.
São reflexões como essas que vamos encontrar a cada página, que pretendem questionar as nossas convicções. O que se quer, é que pensemos por nós mesmos e não como o autor pensa. Trata-se de uma excelente oportunidade para exercitarmos a dúvida saudável, que leva ao esclarecimento daquilo que é potencial ou inegavelmente nocivo.