Livro: "Paixão & Vertigem: [1972]"

Ane e Klaus. Sempre a mesma coisa. Sempre a mesma morte. Os dois foram crianças inteligentes. Adolescentes felizes. Adultos sofredores. Acreditavam na prática positivista das experiências, concordavam com Augusto Comte em relação a essas coisas gerais da vida. E acreditavam no indeterminado, de Anaximandro. Também acreditavam nos poemas de Cruz e Sousa.Ane e Klaus amavam observar as estrelas, isto é, quando lhes restava tempo, ou quando conseguiam fugir de suas famílias. Nestes períodos, divagavam sobre as teorias insanas do universo. Dos estudos de Newton, Einstein e Hawking. Do espaço, do tempo, e do espaço-tempo. A ideia de viajar pelas linhas temporais parecia vaga, mas não inútil.Klaus preferiu deixa-la ir. Percebeu que aquele sentimento era amor no momento em que venceu o egoísmo de sua própria alma.Ane sentiu a falta dele quando se foi. E foi aí que percebeu que era intenso. Tão óbvio, que era amor. Mesmo depois de sua quedinha pelo maquinista do trem. O que nos traz aos assuntos de maior importância. O trem. A Estrada de Ferro de Santa Catarina. Uma câmera Polaroid de 1960. E o espaço-tempo.