Livro: "Polacas, as Prostitutas Judias"

Imagine uma situação onde se chega em um país novo, onde não se conhece ninguém, não se fala a língua, o alfabeto é completamente diferente, a população te execra, as pessoas da sua religião não te deixam entrar numa sinagoga para rezar, não se tem onde morar, não será enterrada em nenhum cemitério da cidade e está devendo dinheiro para uns comerciantes que querem explorar o seu sexo. Essa era a situação das “Polacas”. Nessa peça o autor faz um paralelo com o famoso texto de Becket, “Esperando Godot”. Cinco prostitutas estão a espera dos clientes e enquanto esperam conversam sobre suas vidas e como chegaram ali, mostrando suas virtudes e seus desejos. O autor se baseou para escrever a história de cada uma dessas personagens nos ” sete pecados capitais” da humanidade, tratando a mulher com toda a sua fragilidade, auto suficiência, vontades, defeitos, desejos e falsidades. Trazendo uma dimensão contemporânea a mulher. Fugindo do esteriótipo da pobre coitada que é guiada pelo destino e opressão dos homens, criando uma filigrama de empoderamento e superação, bem diferente de como a comunidade judaica costuma montar a narrativa a respeito das “Polacas”. Colocando assim as mulheres como agentes ativas dos seus destinos e responsáveis pelos próprios erros e acertos. Na peça elas ficam a espera da chegado dos clientes até a chegada de um Caften (cafetão) que revela uma traidora entre elas. Mas a história tem nova reviravolta quando chega mais uma outra com novidades. Dinho Valladares mostra nessa peça toda sua maturidade como dramaturgo.